Memórias do avançado brasileiro determinante nos títulos de 1995/96 e 1996/97
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Em duas épocas que Edmilson esteve no FC Porto (1995/96 e 1996/97), duas vezes foi campeão. Dois títulos ganhos com forte participação sua, autor que foi de 14 golos e sete assistências na primeira época e de 16 tentos e quatro passes decisivos na segunda. Em declarações a O JOGO, o antigo futebolista, agora com 53 anos, relembra a importância de Pinto da Costa na sua contratação ao Salgueiros e conta a história do relógio que lhe foi oferecido pelo antigo presidente.
Que memórias guarda de Pinto da Costa?
Guardo muitas memórias dele. Estive duas épocas no clube e fomos campeões nessas duas épocas. Ele é que me contratou em Santo Tirso, num Tirsense-Salgueiros, um jogo a que ele foi para me ver pessoalmente a jogar. Espero que Deus o receba de braços abertos.
Ele chegou a contar-lhe quais as razões que o levaram a contratá-lo ao Salgueiros? Quais as suas qualidades que ele mais admirava?
Bem, eu creio que o treinador Bobby Robson também terá tido uma boa parte de responsabilidade na minha contratação. Mas ele também, até porque eu já tinha marcado um golo ao FC Porto pelo Salgueiros, num jogo em que perdemos 5-2. Mas depois o Pinto da Costa quis-me ver em ação com os seus próprios olhos, com mais atenção, e nesse jogo em Santo Tirso eu até acabei por fazer um hat-trick. Penso que as características que ele mais apreciava em mim eram a velocidade, o drible rápido, e o facto de eu marcar muitos golos... e oferecer também.
Que memórias guarda dele? Há alguma história que relembre em particular?
Há uma história engraçada. Eu tinha um relógio vermelho e ele, num almoço antes de um jogo, viu o relógio e disse: “Relógio vermelho? Isso não pode ser, Edmilson. Marca um golo hoje e eu dou-te um relógio azul...” Então fomos jogar contra o Leça, uma equipa que estava muito bem, que tinha o Constantino, um avançado que até marcou o primeiro golo do jogo. Nós começámos a perder, mas demos a volta e eu até acabei por marcar dois golos. Aí eu fui falar com ele e disse-lhe: “Lembra-se do que me disse, não é?”. Então quando o jogo acabou eu estava a ir já para os balneários quando ele me chamou. Eu fui, ele tirou o relógio dele do pulso e deu-mo. “Está aqui”, disse ele. “Por amor de Deus, presidente, esse relógio é seu, depois dá-me outro”, disse eu. “Não, não. Prometido é devido. Está aqui o relógio”, respondeu ele. Um relógio que eu guardo até hoje, é uma recordação dele. Tenho muitas histórias dele. Lembro também uma em que ele teve que me puxar as orelhas, por causa dos problemas extra-campo que eu tinha. Por causa da noite. Ele puxava-me as orelhas, entre aspas, e enfim, o melhor presidente do mundo nós temos que ouvir, não é? E o legado que ele deixou ao FC Porto, ao futebol português e ao futebol mundial é eterno. Esse legado nunca vai morrer. Vai sempre ser lembrado por todos.