Djibril Soumaré é um dos destaques da equipa B do Braga e já trabalhou com o plantel principal, às ordens de Artur Jorge. Estreia na Champions é um marco que não vai esquecer
Corpo do artigo
Djibril Soumaré dá nas vistas no Braga B e tem sido um dos destaques na equipa de Custódio. Intenso dentro de campo, disputa os lances até ao fim e mostra ter nervos de aço. Fora dos relvados, o médio de 20 anos pauta-se pela discrição: além de tímido, não gosta de ser o centro das atenções. Há dois anos em Portugal, o médio fala um português quase perfeito - apesar de o próprio achar que não - e está feliz, depois de uma adaptação difícil. “Quando cheguei, os primeiros tempos não foram fáceis”, começou por contar a O JOGO. “Não sabia falar português e não conhecia ninguém. Mas, depois passou. Gosto de estar cá, adoro a comida portuguesa e fui muito bem recebido.”
O gosto pelo futebol começou desde cedo, na rua, com os amigos. O pai acabou por inscrevê-lo numa academia e, mais tarde, um empresário falou-lhe do Braga. Veio fazer os testes, que correram bem, e o percurso não podia estar a correr melhor: estreou-se já pela equipa principal esta época. “Quando recebi a notícia da convocatória à equipa principal, fiquei feliz. Trabalhar com a equipa principal era o meu objetivo e fiquei muito feliz por poder estar com jogadores que via pela televisão”, relembrou. O jogo diante do Backa Topola, a contar para a terceira pré-eliminatória da Champions, nunca lhe vai sair da memória: “Não estava nervoso no campo. Posso até estar fora dele, mas dentro é outra coisa. Não fico nervoso quando estou a jogar.”
Na equipa B, só tem elogios para Custódio, técnico que “aposta na intensidade” e que “está sempre lá para os jogadores. Ajuda-nos muito dentro e fora do relvado.” Elogios que também deixa a Artur Jorge: “É uma grande sorte poder trabalhar com os dois. São grandes treinadores. O futebol na equipa principal é mais rápido, na B é mais intenso. Trabalhamos muito para conseguir os nossos objetivos e, quando as coisas não correm bem, unimo-nos ainda mais para dar a volta por cima. Nem todos os jogos correm bem, mas faz parte. Para já, só penso no futebol. O meu sonho sempre foi jogar futebol e fico muto contente por realizá-lo. Quero ganhar o máximo de títulos e, um dia, ser convocado para a seleção. Nunca vou desistir dos meu sonhos”, concluiu.
Pai vê todosos jogos e dá dicas
Natural do Senegal, Djibril Soumaré vai visitar a família sempre que tem férias, mas os pais ainda não tiveram oportunidade de conhecer Braga. O objetivo passa por recebê-los, quando possível, na cidade dos arcebispos, mas, mesmo longe, a família é um apoio fundamental para o médio. “O meu pai vê todos os jogos e sempre que há coisas que não me correm tão bem, conversamos depois do jogo. Ajuda-me muito”, frisou, relembrando a infância: “Nasci num bairro pobre e a minha família não era rica. Não tinha tudo o que queria, mas o meu pai ajudou-me muito. Não tinha dinheiro, mas estava sempre pronto para ajudar e apoiar os filhos. Tive uma infância extraordinária, com muito amor. O meu pai é muito importante para mim, é um pai que fazia de tudo para nos dar o que precisávamos”.
As praxes de Castro e Pizzi
Durante a passagem pela equipa A, o médio não escapou às habituais praxes e “sofreu” nas mãos de Pizzi (na foto) e Castro, que “ameaçaram” mudar-lhe o visual. “Fui muito bem recebido, foram todos muito simpáticos comigo. Mas, claro, obrigaram-me a cantar umas músicas, o normal. Quando fomos para a Grécia, para jogar a terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões diante do Backa Topola, o Pizzi e o Castro queriam rapar-me o cabelo! Mas, depois, não aconteceu nada. Acolheram-me todos muito bem”, recordou, bem-humorado.