ENTREVISTA - Mario González, 25 anos, sonha com uma carreira de sucesso e está a erguê-la no Tondela, um clube de que nunca tinha ouvido falar. Assinou no jogo com o Moreirense o primeiro hat trick da Liga NOS 2020/21.
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O avançado espanhol, cedido pelo Villarreal( 7.º classificado de La Liga) ao Tondela, arrasou com três golos de bola corrida, em oito minutos, que deram a vitória sobre o Moreirense. Está em terceiro lugar na lista de melhores marcadores da Liga NOS, feito inédito para um jogador dos beirões.
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Como está a viver estes momentos de entrevistas quase diárias?
-Tento levar com a maior tranquilidade. Já passei por momentos difíceis e não quero baixar o meu rendimento, porque faltam seis jogos. Estou a ver a repercussão, mas continuo focado no trabalho.
Que período "difícil" foi esse que passou?
-Tive uma lesão num adutor e bastantes problemas durante quatro meses. Já passei pelo pior e agora estou no melhor. Nunca desanimei. O mais importante é trabalhar, porque, no fim, tudo chega, e se baixar os braços tudo vai embora.
Como foi marcar três golos em oito minutos ao Moreirense?
-A verdade é que, no momento, não estava consciente do que estava a acontecer; não tive a perceção de que tinha sido tão rápido. Fiquei muito contente por algo raro e que ficará para sempre na minha memória.
Segue com 12 golos, é o terceiro melhor marcador do campeonato e o primeiro de uma equipa dita pequena. Que sonhos alimenta?
-Não tenho limites para sonhar. Quero aproveitar e continuar a marcar, mas jogar num grande é o sonho de qualquer jogador. Trabalho todos os dias para chegar o mais alto possível.
"Como me defino? Sou um trabalhador (...) o futebol é o mais importante da minha vida, amo o futebol"
Há algum segredo para tantos golos quando joga numa equipa cujo objetivo é a permanência?
-O segredo é continuar a fazer o mesmo, o problema seria mudar e tentar fazer coisas que não são as minhas. Vou continuar como ponta de lança da equipa e a fazer o que o treinador precisar de mim.
É a segunda experiência fora de Espanha. Como explica a época passada no Clermont, da II Liga de França? Que diferenças encontrou entre o futebol francês e português?
-Não fiquei contente com a época que fiz em França, mas a verdade é que joguei sempre a extremo, uma posição que posso fazer mas que não é a melhor para mim. Fiz quatro golos. O campeonato francês é mais físico. Tem muitas individualidades, mas, taticamente, é inferior à liga portuguesa, um campeonato muito equilibrado em todos os aspetos: físico, técnico e tático.
Conhecia o Clube Desportivo de Tondela? E que avaliação faz, em comparação com Espanha?
-Em Espanha conhecem as equipas grandes de Portugal. Na verdade, não conhecia Tondela e tive de ir pesquisar na internet onde ficava. La Liga é a melhor a nível tático e técnico, mas o nível físico é inferior; há falta de cultura física em Espanha.
Se calhar vai ser ainda mais marcado pelos adversários, está preparado?
--No início, aproveitei bem o desconhecimento. Depois, os rivais passaram a conhecer a minha forma de jogar, mas é o futebol... Todas as semanas estudamos os rivais e a melhor maneira de lhes causar danos.
Também vai buscar jogo atrás, fez assistência para o golo de Jhon Murilo contra o Nacional, por exemplo...
-Fui extremo, à direita e esquerda, e posso jogar aí também. É por isso que tento fazer tudo para ajudar.
Mas define-se como?
-Trabalhador. Trabalho muito desde os 13 anos, longe da família. O futebol é o mais importante na minha vida. Amo o futebol, para mim, é treinar todos os dias do ano e jogar ao melhor nível. A nível pessoal, creio que sou muito empático e gosto de ajudar as pessoas.