"É preciso investimento forte para reforçar o plantel e a estrutura da Académica"
António Barbosa chegou em outubro e recuperou atraso, mas falhou fase de subida da Liga 3 por um ponto
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António Barbosa rendeu Pedro Machado em outubro e conseguiu quatro vitórias consecutivas que injetaram uma dinâmica positiva na equipa. Contudo, nos sete jogos seguintes até ao fecho da fase regular, a equipa obteve mais empates que triunfos e, apesar de só ter sofrido uma derrota, acabou a precisar de um ponto para se qualificar para a fase de subida. Falhado o objetivo, foi necessário mudar o chip. A permanência já está garantida e a liderança também pertence à Briosa, o que pode acelerar a renovação do treinador.
Que balanço faz da campanha da Académica, que já assegurou a permanência e lidera esta fase?
—É importante realçar a capacidade que os jogadores tiveram para redefinir objetivos. Pela força da Direção, do presidente e dos capitães conseguimos assegurar rapidamente a permanência. Somos o melhor ataque, temos a melhor diferença de golos. Temos reduzido o número de finalizações na nossa baliza e explorámos bem a profundidade. Foi esta concentração que nos levou a ultrapassar com alguma tranquilidade o mau início nesta fase e consolidou aspetos mais importantes da nossa campanha, como a força ofensiva.
Nos próximos dois jogos, o objetivo será reforçar a liderança ou dar oportunidade aos menos utilizados?
—Temos falado sobre essa questão das oportunidades como algo global. Se um jogador passou um ano inteiro a fazer parte de um grupo de trabalho, se foi um elemento positivo de desenvolvimento, estímulo para os colegas e foco pela sua capacidade de treinar pode ser considerado mais do que oportunidade, é mérito.
Ficou um amargo de boca por falhar a fase de subida?
—Naturalmente. Estivemos nos lugares de subida, mas não conseguimos ficar lá por um golo. Pelo trabalho, dedicação, compromisso e tudo o que foi criado pela Direção, capitães, staff e departamento médico, sentimos que se conseguíssemos ir à fase de subida teríamos uma palavra a dizer. O não conseguirmos isso criou alguma frustração. Mas quero realçar a capacidade para ultrapassar a situação, direcionando os jogadores e criando missões estratégicas muito claras. Muitas vezes, as equipas que ficam perto da fase final acabam por descer.
O que aconteceu para terem baixado de rendimento em dezembro?
—Não conseguimos ultrapassar as nossas limitações. Houve resultados contra adversários diretos em que estivemos a ganhar por duas vezes, mas não conseguimos segurá-los ou sobrepor-nos. Em particular, os dez minutos iniciais contra o 1.º de Dezembro, em casa, condicionou muito o nosso desempenho. Era um adversário que lutava pelo mesmo objetivo.
Que atletas valorizou mais? Quem entrou no mercado de janeiro veio ajudar?
—Conseguimos valorizar a equipa de uma forma geral. Há jogadores que se têm destacado, como o Amadou Ba-Sy, que é quem tem mais toques na pequena área adversária e também tem feito muitos golos e assistências. Temos o central que ganha mais duelos, o Ni Rodrigues. No meio-campo todos os jogadores já foram titulares e suplentes, a competitividade é elevada, casos do Lucas, o Montez, o Vasco, o Fran Pereira, e no ataque destaca-se o Hachadi, pelos golos e rendimento ofensivo. Em janeiro fomos das poucas equipas que conseguiram contratar extremos e avançados. Há que realçar o trabalho do David Caiado [diretor desportivo].
Já falaram sobre a renovação?
—Nesta fase houve uma abordagem, mas há eleições marcadas brevemente e estamos focados em potenciar jogadores e aproveitar os jogos que faltam [Caldas e U. Santarém]. Estamos num clube histórico, que está a ressurgir, e queremos levá-lo para outros patamares. Estou muito feliz na Académica pelas condições que foram criadas e pela estabilidade dada pela Direção.
Acredita que a Académica, a curto prazo, tem condições para regressar à II Liga?
—Acredito no que está a ser feito com um quadro altamente qualificado e uma forte vontade de ver a Académica desenvolver-se e chegar novamente aonde já esteve. Contudo, é preciso investimento económico forte para reforçar o plantel e a estrutura da Académica.
Recuperação incrível no Varzim e tomba-gigantes na Taça
A frequentar o curso UEFA Pro ao fim de 22 anos, ao lado de Tiago Margarido, Vasco Matos e Vasco Botelho da Costa, entre outros, António Barbosa destaca alguns feitos na carreira, como a recuperação fantástica na época em que conseguiu manter o Varzim na II Liga. “Tínhamos dez pontos na primeira volta e conseguimos a manutenção, algo que ninguém tinha conseguido nessas circunstâncias, tendo também eliminado o Marítimo da Taça”, recorda o técnico, acrescentando que as passagens por Trofense e Sanjoanense também foram marcantes. “Na Trofa conseguimos a manutenção; no ano seguinte ficámos em primeiro lugar, subindo à II Liga. Na Sanjoanense lutámos pela subida até à última jornada e no Vilaverdense fomos ao play-off de subida à II Liga e eliminámos o Boavista da Taça”, salientou.