"É das piores alturas para o Benfica jogar com o Liverpool. É quase impossível"
Grame Souness, antigo treinador de reds e águias, não vê a equipa portuguesa com muitas hipóteses de contrariar o adversário.
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"Não é uma missão impossível, mas é quase impossível." É assim, direto, que Graeme Souness antecipa a tarefa que o Benfica enfrenta amanhã, em Anfield.
Com uma desvantagem de dois golos na eliminatória, os comandados de Nélson Veríssimo "têm de acreditar", realça a O JOGO o antigo técnico das duas equipas e figura enquanto jogador dos reds, por quem chegou a levantar o troféu, então Taça dos Campeões Europeus. "É muito difícil, mas a eliminatória não está decidida. O Liverpool não a vê assim", atira, reconhecendo contudo: "Não sou um homem de jogar e apostar, mas se fosse apostar o meu dinheiro fá-lo-ia no Liverpool."
Defendendo que o Benfica "pode inspirar-se no que o Manchester City fez" aos reds no duelo de domingo - apesar de dominado, o Liverpool conseguiu um empate 2-2, o que mostra, para Souness, que a equipa da cidade dos Beatles "é perigosa porque marca mesmo quando não joga bem" - o antigo jogador e treinador aponta a estratégia. "O meio-campo é onde o Benfica deve apertar e tentar ganhar o jogo. O Liverpool é muito perigoso no ataque. Mas no meio-campo é outra questão. Tem Thiago, muito talentoso, mas Fabinho e Henderson são jogadores táticos e de marcação, não têm o mesmo poder técnico e a capacidade de construção. São jogadores muito agressivos e fortes na pressão e o Benfica tem de igualar essa agressividade no meio-campo e quando tiver bola sair bem, decidir bem no ataque", explica.
"É futebol, tudo é possível, uma grande equipa pode perder quando menos se espera. E o Benfica tem praticado um bom futebol na Europa e tem conseguido bons resultados", realça Souness, avisando para o arranque dos reds. "Em Anfield jogam ao ataque desde o primeiro minuto para resolver os jogos na primeira parte. Jogam cheios de fúria e agressividade. É difícil resistir e lidar com isso. É isso que o Benfica precisa de fazer", atira, elogiando ainda o papel do público. "Anfield é talvez o estádio mais difícil em Inglaterra. Os adeptos estão quase ao lado dos jogadores. Parece que estão a correr com eles", afirma, elogiando as opções às ordens de Jurgen Klopp. "É difícil para o Benfica, é das piores alturas para jogarem com o Liverpool. Desde o final dos anos 80 que não tinha um plantel tão forte", diz o antigo médio, neste momento no Algarve e já a pensar em passar mais tempo no nosso país. "Estou à beira dos 69 e daqui a um ano vou começar a passar metade do tempo em Portugal", revela, confessando se ainda estivesse no ativo e "se fosse treinador do Benfica quereria qualquer adversário menos o Liverpool".
Principal referência do Benfica neste momento, Darwin alimenta as esperanças encarnadas enquanto suscita a cobiça de muitos clubes, entre eles ingleses. Realçando a incapacidade neste momento de os clubes resistirem ao poderio financeiro inglês, Souness aponta a dúvida quanto à integração do camisola 9 na Premier League mas admite que este tem dado sinais positivos. E aponta Luis Díaz como um exemplo relevante. "Darwin tem 22 anos, é muito jovem e está num gigante europeu. Mas a Premier League tem muito dinheiro e qualquer equipa está vulnerável a isso", realça. "Quando jogas num grande clube como o Benfica tens de estar sempre pronto para qualquer desafio. Qualquer jogo é como se fosse uma final. Mas há sempre a questão de saber como pode Darwin adaptar-se a um clube como o Liverpool, Manchester United, Chelsea... Mas tem mostrado que pode fazê-lo", reconhece.