Dupla de médios mais espremida mora no Sporting: "Não se pode dar ao luxo de fazer gestão"
Matheus Nunes e Palhinha formam o duo com mais minutos em campo dos candidatos ao título português.
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Nos primeiros oito jogos, João Palhinha e Matheus Nunes foram intocáveis na equipa do Sporting. Rúben Amorim teve de mexer na defesa e no ataque devido a lesões, mas a dupla de meio-campo está sem descanso.
"Amorim não se pode dar ao luxo de fazer gestão. A posição 6 é determinante e o Palhinha é o melhor em Portugal. O Matheus dá chegada à área e enorme criatividade"
Os dois somaram oito encontros a titular, só não completaram duas partidas, sendo que Palhinha leva 708 minutos e Matheus 695, portanto são cruciais para a estabilidade coletiva. Basta recordar que, comparando com 2020/21, Palhinha tem mais do dobro do tempo de jogo atualmente - em 2020 padeceu de covid-19. Matheus tem mais 125 minutos, pois saiu João Mário.
Amorim não tem dado descanso ao duo e Carlos Azenha, a O JOGO, explica. "É mais difícil fazer entrar alguém para o meio-campo quando se está numa fase tremida. Os melhores têm de jogar e eles são os melhores. Amorim não se pode dar ao luxo de fazer gestão. Lembro-me que no FC Porto, comigo, o Paulo Assunção jogava sempre. A posição 6 é determinante, o Palhinha é o melhor em Portugal e deveria ser ele e mais dez na Seleção. O Matheus dá chegada à área e enorme criatividade", diz o antigo adjunto do FC Porto e treinador do V. Setúbal e Portimonense, entre outros.
Bruno Tabata foi testado na pré-época, mas ainda não passou pela posição; Daniel Bragança tem quatro jogos, mas apenas 50 minutos, quando em igual período de 2020 tinha 82 minutos em campo, e Ugarte, contratado por 6,5 M€ ao Famalicão, somou 18 minutos em dois jogos. São opções futuras, mas o possível desgaste físico de Matheus e Palhinha é desvalorizado por Azenha: "Não vão sair da equipa na Liga ou Liga dos Campeões. Vão é ter suspensões por amarelos e serão geridos nas Taças. Um médio corre muito, mas de modo constante. Quem joga a extremo arrisca mais lesões pelos piques que tem de fazer. Eles são constantes."
Palhinha e Matheus Nunes foram titulares nos oito encontros do Sporting e só saíram no decorrer do jogo em duas ocasiões
Esta preferência de Amorim por uma dupla tão estabilizada não tem paralelo em Benfica, FC Porto e Braga. O Benfica tem mais jogos, logo João Mário (10) e Weigl (9) mais partidas, mas têm uma média de 75,8 e de 76,3 de minutos por jogo, que é inferior aos 88, 5 de Palhinha e aos 86, 9 de Matheus. Meitê tem média de 56, 8 e Taarabt de 28 minutos por jogo.
No FC Porto, Uribe leva sete jogos, seis a titular, e 76,4 como média por encontro, tendo Bruno Costa, com 73,8, à frente de Vitinha (40), Sérgio Oliveira (36,5), Marko Grujic (33,3) e Fábio Vieira (30). No Braga, Al Musrati é intocável e fez oito jogos completos, sendo, então, o mais imprescindível dos candidatos. Contudo, o lugar a seu lado anda em roda viva. Fransérgio foi titular três vezes e tem 75,3 na média de minutos por jogo, mas saiu para o Bordéus. André Horta tem 48, 9 e fez oito partidas, Lucas Mineiro vai com média de 33,8 e João Novais fecha a lista com 9 minutos de jogo.
Tabata, Otávio e Pizzi mais na ala
Tabata foi um dos atletas em destaque pelo Sporting na pré-época, mas ainda só soma 19 minutos divididos por quatro jogos e sempre sendo utilizado como extremo. Otávio foi chamado à Seleção e é o mais utilizado por Sérgio Conceição no meio-campo... mas à direita. Tem 570 minutos, fez sete jogos a titular, porém só contra o Sporting alinhou pela zona central. Pizzi também tem estado cingido ao ataque: dos 356 minutos em campo nos nove jogos feitos só cumpriu 97 como centrocampista. No Braga, Chiquinho foi sempre segundo avançado.