Milhares de pessoas passaram na quarta-feira pelo Dragão para se despedirem de Jorge Costa, lenda do FC Porto
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“Acredito que haja muita gente que goste do FC Porto, mas tenho a certeza que não há ninguém que goste mais do que eu”. A frase pertence a Jorge Costa, remonta a 2002 e a multidão que acorreu na quarta-feira ao Dragão para despedir-se do mítico defesa-central ilustra como todos reconhecem essa realidade. Os que o viram nascer no clube, os que têm nele, em Sevilha ou Gelsenkirchen, as primeiras memórias futebolísticas e os que não o viram jogar, mas que dos outros escutaram essas lições, todos enfrentaram o calor e horas de espera na fila até à urna. As portas abriram às 15h00, já depois de a equipa principal se ter despedido e a urna, com a bandeira do clube e as braçadeiras de capitão, estava em frente à entrada para o balneário, aquele espaço sagrado que o Bicho comandava como ninguém. Rodeado de coroas de flores, da mítica camisola 2 e de um exemplar de cada troféu que ganhou pelo FC Porto. Sem recolha de imagens além de uma só fotografia disponibilizada pelo clube e com André Villas-Boas junto à urna do princípio ao fim.
A urna foi colocada na zona de acesso ao balneário. Lá fora, o memorial foi crescendo junto às bandeiras a meia haste, com muitos “números 2”, agradecimentos e adereços de outros clubes
Na galeria do Dragão, os adeptos tinham oportunidade de assinar um livro de condolências, mas as homenagens também se viam cá fora, junto às bandeiras azuis e brancas a meia haste e às fotografias de Jorge Costa que o FC Porto instalou nas paredes do estádio. O memorial que começara na tarde de terça-feira foi crescendo e não só com adereços azuis e brancos. Braga e Ac. Viseu, equipas que Jorge Costa treinou, tinham cachecóis, assim como o Sporting. O internacional português era daqueles que ninguém queria como adversário, mas que jeito dava ter na mesma equipa. Muitos “números 2” se viram por ali e vários adeptos fizeram questão de escrever mensagens nas bandeiras e camisolas que ofereceram ao tributo. Líder, capitão, ídolo… mas também lembranças e promessas.
Nem o calor, nem o tempo de espera demoveram os portistas de prestarem uma última homenagem
“O teu legado será eterno. Vamos vencer por ti, esta época é por ti, meu amigo”, lia-se numa bandeira do clube. “Ou passa o homem ou passa a bola, as duas coisas nunca!”, num daqueles princípios que construíram a identidade do Bicho dentro das quatro linhas, mas que nem beliscava o respeito e reconhecimento dos adversários. “Já não há atletas como tu, davas tudo em campo, não é fácil vergarem-te”, lia-se noutro adereço, enquanto alguns adeptos pegaram em pequenas pedras e foram prendendo os objetos contra o vento. Cuidados máximos e atenção a todos os detalhes, como um papelinho valioso que alguém ali deixou: um bilhete impecavelmente conservado dos 5-0 do FC Porto na Luz, na Supertaça de 1996, que contou com um golo de Jorge Costa.