Dois arrastões vermelhos: consistência defensiva do Braga frente à exuberância do Benfica
Perante um Benfica mais exuberante, o Braga mete respeito pela consistência defensiva. Esta noite (20h15) vão chocar. Entre os principais "snipers" das duas equipas, Ricardo Horta iguala Darwin em remates na direção da baliza e supera Gonçalo Ramos. Grimaldo leva a melhor sobre Yan Couto nos cruzamentos.
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Em contagem decrescente para importantes compromissos europeus, frente ao Rangers (Liga Europa) e Liverpool (Liga dos Campeões), respetivamente, Braga e Benfica defrontam-se desta vez na Pedreira e, apesar de se assemelharem em vários aspetos, tentarão fazer valer os seus principais trunfos, apimentando da melhor forma um dos principais clássicos do futebol português.
Os minhotos ainda têm bem presente a goleada sofrida na Luz (6-1), na primeira volta, e o mais certo é que não repitam os mesmos erros, porque, na verdade, não se poupam nas manobras defensivas e até ganharam um pouco mais de consistência com o regresso do central David Carmo, um colosso cada vez mais incontornável na retaguarda. Por aí, o jogo desta noite será uma espécie de prova dos nove à impermeabilidade dos visitados.
Sem perder de vista a baliza, o Braga parece levar tudo à frente quando o adversário está na posse de bola e os números confirmam-no, com os arsenalistas a acumularem no campeonato mais desarmes (1 871, média de 69,3 por jogo) do que o Benfica (1 690, média de 62,5). Sempre que é necessário, transforma-se numa equipa de combate e, por isso, também soma mais faltas (397, média de 14,7) do que a equipa lisboeta (363, média de 13,4).
Todos contam nesse trabalho e os que mais vezes metem o pé nem são defesas: o ala Francisco Moura lidera com uma média de 3,06 faltas por jogo, seguido pelo avançado Vitinha (2,52) e pelo médio Castro (2,22).
Resta saber se essa disponibilidade toda chega para travar a força ofensiva dos encarnados, mais rematadores (360, média de 13,3 por jogo) do que os visitados (347, média de 12,8) e, naturalmente, com mais golos.
Com 13 remates na direção da baliza, Darwin é o perigo maior, mas o Braga também pode tirar partido da pontaria do capitão Ricardo Horta, que, neste particular, iguala o ponta-de-lança uruguaio. Gonçalo Ramos, com 11 disparos enquadrados, é outro nome a considerar e também ajuda a perceber o perfil de jogo do Benfica, muito baseado em cruzamentos para a área (já são 468, média de 17,3).
Existindo bons avançados na zona de tiro, há que servi-los convenientemente e os mais ativos são Gilberto (3,9 cruzamentos por jogo) e Alex Grimaldo (3,3). Já o Braga leva menos cruzamentos (325, média de 12,3), sendo as referências nessa matéria Yan Couto (3,8 por jogo) e Francisco Moura (2,4), e também mastiga menos o jogo, somando menos passes (13 102, média de 487 por jogo) do que o Benfica (13 730, média de 508).
Destaca-se, porém, nos passes longos (1477 contra 907) e, sempre que possível, tenta chegar ao golo através de remates de fora da área (148, média de 5,4 por jogo). Por aí, os comandados de Veríssimo são mais poupados, com 4,7 disparos de longe.
Arsenalistas com a maior distância para o pódio desde 2013/14
O Braga recebe esta noite o Benfica apontando a um triunfo que lhe permita reforçar as expectativas de chegar ainda ao pódio - ocupado nesta altura precisamente pelas águias - e do qual está a 12 pontos. Esta é a maior diferença dos arsenalistas para o terceiro posto desde 2013/14, quando, então no sexto posto, estavam a 20 pontos do FC Porto, que fechava o pódio. Neste século apenas por mais quatro ocasiões o Braga esteve a uma maior distância do terceiro lugar: em 2006/07 (a 15 do Benfica), em 2003/04 (a 13 do Benfica), em 2002/03 (a 19 do Sporting) e em 2001/02 (a 18 do Benfica).
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Cabeça da águia rende mais
Outra diferença importante tem a ver com os momentos do jogo em que cada uma das equipas marca. O Braga tem especial apetência em finalizar no último quarto de hora, por exemplo.
Os golos de cabeça têm tido muito mais peso no Benfica do que no Braga. Foram já dez os remates certeiros apontados dessa forma pelas águias, num total de 68, enquanto nos bracarenses se contam apenas três (em 43 totais). Isto em números relativos à Liga Bwin, a refletirem na perfeição a importância de Darwin Nuñez na equipa e, ao mesmo tempo, o seu talento a jogar de cabeça (conforme ficou provado em Amesterdão, frente ao Ajax). O uruguaio tem quatro de cabeça, faturando assim contra Boavista, Belenenses, Marítimo e V. Guimarães.
Os outros golos de cabeça do Benfica foram apontados por Lucas Veríssimo (dois), Weigl, Seferovic, Gonçalo Ramos e Grimaldo, este último, curiosamente, diante destes mesmos bracarenses, a dar início ao 6-1 aplicado na primeira volta. O centro para esse golo pertenceu a... Darwin.
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Mas há outros contrastes relevantes em relação aos padrões de concretização dos golos de cada uma das equipas que esta noite se defrontam. Pode constatar-se, por exemplo, que os Guerreiros do Minho marcam o dobro na sequência de lances de bola parada. O Braga fez sete de livres ou cantos (16 por cento), enquanto o Benfica apontou apenas cinco (sete por cento).
Se juntarmos as grandes penalidades (cinco para arsenalistas e quatro para encarnados), a diferença de peso entre cada uma das equipas mantém-se. O que, por outro lado, significa que o Benfica marca mais em jogadas de bola corrida (59 para 31) e, especialmente, através de cruzamentos. São 25 dessa forma para o Benfica, correspondentes a 37 por cento do total, ou seja, um em cada três.
Significativo... sobretudo se notarmos que, do outro lado, são apenas 19 por cento, correspondentes a um em cada cinco do total do conjunto.
Também relevante é a diferença referente à altura do jogo em que cada uma das equipas tem por hábito marcar. O Braga tem queda especial para chegar ao golo no último quarto de hora das partidas, o que não acontece com as águias, que gostam de resolver bem mais cedo, nomeadamente a fechar a primeira parte ou a abrir a segunda.
Assim, se os arsenalistas marcam um em cada quatro golos no último quarto de hora (26 por cento), o Benfica apenas tem 15 por cento nesse período (dez golos), tendo maior percentagem dos 31 aos 45 minutos (18 golos) ou entre os 45 e os 60 minutos (15). No segundo terço do jogo, o Benfica tem quase metade (48 por cento) dos seus golos.