Ex-treinador do central marroquino, que se prepara para reforçar o Sporting, descreve a O JOGO um jogador maduro, eficaz e com qualidade.
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Zouhair Feddal, defesa-central canhoto de 30 anos, do Bétis, que está a caminho do Sporting para ocupar o lugar deixado vago pelo fim da carreira de Mathieu, é um velho conhecido do treinador espanhol Lucas Alcaraz.
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A O JOGO, o técnico atualmente no Albacete faz uma apresentação do hispano-marroquino que está prestes a ser reforço leonino para 2020/21, considerando que vai encaixar que nem uma luva no esquema de três centrais utilizado por Rúben Amorim.
"Eu tinha visto o Feddal no Espanhol B e depois, quando ele estava no Parma, fui buscá-lo para a liga espanhola, para o Levante. Joga no Bétis que já é um grande clube, com história e numa cidade que é um caldeirão futebolístico. Tem experiência também internacional, por Marrocos. Está numa boa idade para aguentar a pressão de um clube que luta pelo título. O Sporting é uma oportunidade importante para ele. Tem experiência mais que suficiente. É um bom negócio, vai dar-se bem", comentou Lucas Alcaraz, recordando de seguida o que viu em Feddal para o contratar em 2015/16, para o Levante:
"É ideal para jogar em linha defensiva de três. É muito eficaz, forte pelo ar, com boa saída e muita experiência"
"Trata-se de um jogador com muito boa saída com a bola no pé, tem passada larga em corrida, é muito forte no jogo aéreo e ideal para uma equipa que tenha a iniciativa de jogo. É muito eficaz, resolve bem os duelos. É um central perfeito para jogar numa linha defensiva de três, ao meio ou à esquerda. É, no fundo, um defesa muito completo, com velocidade e que vai bem ao chão em lances de carrinho. Posiciona-se muito bem. Acho que vai encaixar muito bem na defesa a três do Sporting, já está muito habituado a esse esquema".
O estado de forma e durabilidade de Feddal vieram ainda à tona. "Fisicamente está muito bem, numa carreira sem grandes lesões", concluiu.
DADOS E CURIOSIDADES
Filho de emigrantes, taxista e doméstica
Em entrevista ao ABC Sevilla, em 2017, Feddal abriu o coração e contou a história da sua vida, que parece de um filme. Nascido em Tetuan em 1989, é filho de emigrantes que rumaram a Figueras, em Espanha, para uma vida melhor: "O meu pai era taxista em Marrocos, depois foi trabalhar como pintor para Figueras. Mais tarde a minha mãe, dona de casa, levou-me a mim e ao meu irmão."
Mal nos estudos, tentou carpintaria
A escola não era o forte de Feddal. "Ia por mau caminho, muitos do meu grupinho estão mal. Eu tinha o meu clã, só aos 12 anos me comecei a juntar com ciganos, espanhóis e latinos. O meu irmão foi carpinteiro, depois de ter feito boxe, mas teve uma lesão... Eu saí da escola aos 15 anos e fui estudar carpintaria. Gostava de jogar futebol e vi que era importante, disse ao meu pai que queria jogar. Fazia peladinhas e um professor de carpintaria disse-me: "Filho, dedica-te ao futebol que isto não é para ti". Agora diz ao meu pai que foi ele que me descobriu", recorda.
Era extremo, de futebol de rua
Com 14 clubes em 12 anos, Feddal reconhece que vem "da rua" e conta como se tornou central por causa da lesão de um colega: "Não tenho formação, uma base. Aos 16 ou 17 anos fui para o Mónaco, mas voltei, custou adaptar-me. Depois, no Mataró, eu era extremo e fui para central quando se aleijou um jogador. Gostei, saía a jogar, e disse ao treinador para ficar nessa posição".
Preso por camisolas à porta do Calderón
Quando atuava no Vilajuiga, onde treinava "com as luzes dos carros", Feddal e os colegas quiseram ajudar monetariamente o treinador e fizeram cinco mil camisolas de Fernando Torres que foram vender à porta do Vicente Calderón. "Acabamos todos na prisão!", lembra, tirando uma lição de vida: "Aprendi que no futebol ou és profissional ou jogas por prazer".