É o segundo jogador do plantel com mais jogos contra o FC Porto (11), mas apenas um ao serviço do Sporting... do qual saiu "chamuscado". Afirmou-se noutras paragens e já vai em três triunfos seguidos. Uma viagem pelo percurso de João Palhinha.
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Aos 25 anos, João Palhinha prepara-se para defrontar o FC Porto pela 12.ª vez na carreira, mas apenas a segunda... com a camisola do Sporting.
Desse encontro saiu "machucado" pelo fulgor dos dragões, que o atropelaram, dizia o então treinador dos leões, Jorge Jesus, por ter levado o "guião errado", frase que gerou diferentes leituras não só publicamente, mas também nos bastidores.
Só que desde então o médio ganhou preponderância no futebol português e já vai em quatro jogos sem perder com os azuis e brancos, com três triunfos seguidos, todos a defender o Braga. O Sporting começou a época com Wendel e Matheus Nunes na dupla do meio-campo, mas o primeiro saiu e o segundo não tem impressionado Amorim, abrindo-se a porta da titularidade para João Palhinha na próxima jornada da I Liga.
Após ser baixa nos primeiros quatro jogos oficiais da época por ter cumprido quarentena ao dar positivo à covid-19, Palhinha voltou há uma semana aos treinos, no início da paragem para os jogos de seleções. E tem dado boas indicações, além do bom entendimento do sistema (3x4x3) de Rúben Amorim pelo tempo partilhado com o atual técnico leonino nos arsenalistas, na última época. O técnico é, por consequência, conhecedor das qualidades do médio, sabe o equilíbrio que pode dar à equipa, a pujança e intensidade que imprime no jogo e a capacidade de fazer dobras aos laterais subidos, além do andamento e experiência que já tem em defrontar o FC Porto, nesse percurso iniciado em 2015; no fundo, um histórico recente de sucesso que o torna num caça-dragões, arma para defrontar o campeão nacional.
O percurso... e Jorge Jesus
As primeiras partidas de Palhinha contra o FC Porto foram pelo Moreirense (empate a dois e derrota por 3-2 em 2015/16) e Belenenses (empate sem golos em 2016/17). Seguiu-se então a estreia pelos leões, aos 21 anos, numa derrota que Jesus, hoje a comandar o Benfica, justificou em grande parte à sua atuação.
"O FC Porto foi melhor na primeira parte porque o João Palhinha não levou o guião certo para se poder enquadrar com o que estava a acontecer. Perdeu-se durante meia-hora e isso foi fatal para nós", atirou, ao que o atleta respondeu nas redes sociais com maturidade, a falar em aprendizagem e crescimento. Dias depois Jesus amenizou as suas palavras iniciais: "Aquilo que eu disse foi que o Palhinha não levou o guião certo. E normalmente, nas minhas equipas, quem passa o guião aos jogadores sou eu. A responsabilidade das ideias é minha. Se disse que ele não levava o guião certo, a responsabilidade é minha. Não lhe transmiti aquilo que pretendia."
Resiliência e amor eterno
Na temporada seguinte à do guião errado, Palhinha rumou a Braga onde, efetivamente, acabou por mostrar aquilo que vale, tendo na altura o emblema presidido por António Salvador assegurado um empréstimo por dois anos, que terminou na última época. Após ter estado no mercado e com o interesse de clubes como CSKA Moscovo e Leeds, acabou reintegrado no plantel e logo na primeira oportunidade, no rescaldo do regresso aos jogos de leão ao peito, frente ao Valladolid, em Alverca, jurou amor eterno ao Sporting.
"É um orgulho para mim poder estar aqui. Já represento o Sporting há muitos anos e tem sempre um sabor especial poder vestir esta camisola", assinalou, então, o jogador aos meios do clube. Hoje, sorridente, abraça a nova fase.