ENTREVISTA, PARTE II - Condições dos polacos do Pogon e projeto conjunto foram decisivos na escolha de Luís Mata. Voltar é a aposta a médio prazo
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Entusiasmado com a estreia numa I Liga, no caso a polaca, Luís Mata acredita que pode evoluir e chegar a outros patamares. O FC Porto será sempre a preferência. Com ou sem Alex Telles.
Meia hora de conversa com o também ex-portista Tomás Podstawski antes de uma mudança que encara com muita esperança. Em revista também a estreia que podia ter acontecido... duas vezes
Do FC Porto B para a I Liga da Polónia. Quer explicar-nos o processo?
-Com esta situação provocada pela pandemia, infelizmente não conseguimos acabar a temporada. Queria, em conjunto com o meu empresário, trazer alguns clubes que estavam e olho em mim para verem os meus jogos, mas não foi possível. Então apareceram duas ou três situações da Polónia, era I Liga, um clube com adeptos. Soube que metiam 20/30 mil pessoas no estádio e isso motiva-me muito. E depois, as condições que o Pogon me deu eram muito boas e eu confirmei-as ao vivo. Sem dúvida que era o melhor projeto para mim, o projeto que me pode potenciar para depois dar mais um passo e jogar num grande campeonato. Esse é o objetivo.
Falou em condições... que tipo de condições são essas?
-Desde logo a receção e a forma como acordaram tudo comigo. Depois os exames e testes físicos. Foram dois dias. Viram tudo o que eu podia melhorar com o fitness coach. O estádio, os relvados, o ginásio...E falei meia hora com o Tomas Podstawski, que joga lá e confirmou tudo. Ele estava no V. Setúbal, I Liga, antes de ir para lá e disse-me que foi o melhor passo que deu. Disse-me que é um campeonato competitivo, que está a crescer, com bons jogadores. Tem equipas de Champions como o Légia, joga lá o Pedro Tiba, o André Martins e outros bons jogadores. E será importante ter lá alguém como o Tomás para me ajudar na adaptação, especialmente com a língua.
Que tipo de objetivos lhe propuseram?
-A mensagem que me passaram é que viram as características que eu tenho e o que posso melhorar para ajudar o clube e daqui a um/dois anos ajudar também com uma transferência. Pode ser bom para todos.
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Sai do FC Porto ao fim de 14 anos. O que leva do clube?
-A maioria dos momentos são felizes, só levo recordações boas, por todos os que trabalharam comigo. Foram 14 anos muito produtivos e, acima de tudo, muito felizes. Faltou aquela pontinha, que era a minha estreia pela equipa principal. Mas, trabalhando, quem sabe se não volto.
Jogar pela equipa principal é um sonho desperdiçado ou adiado?
-Adiado. Sei das minhas qualidades. Sei que podia ter acontecido, mas não vou olhar para trás com mágoa. Tenho o objetivo de jogar ao mais alto nível, que é onde está o FC Porto, a equipa do meu coração. Gostava de melhorar e poder jogar no FC Porto. Saio a pensar em um dia poder voltar a casa, ao clube que me deu tudo.
"Sinto que perdi duas oportunidades. Mas saio a pensar em voltar"
A regularidade do Alex Telles foi um obstáculo a oportunidades a laterais-esquerdos jovens?
-O Alex e o Corona são, na minha opinião, os melhores jogadores do FC Porto. Podia ir por aí, mas não vale a pena. É mesmo o nosso trabalho. Trabalhei muito, mas se calhar, se tivesse ainda trabalhado mais, podia surgir a oportunidade. Não surgiu. Acho que tenho qualidades para evoluir muito, sou uma pessoa que aprendo e penso que, no futuro, se trabalhar, posso voltar.
Esteve, mais do que uma vez, próximo de se estrear...
-Fui uma vez convocado para um jogo em Liverpool. Depois voltei e tive uma lesão num timing mau, porque estava a jogar mesmo muito bem, estava a treinar com a equipa A e ia jogar à B. Senti que perdi a oportunidade. Noutra ocasião, íamos jogar contra o Lusitano de Évora, para a Taça, e lesionei-me por culpa própria. Estava a jogar pela equipa principal contra os juniores, na equipa que ia jogar. Faço a primeira parte e lesiono-me a começar a segunda. Nesta altura senti que é preciso dar um passo atrás para chegar onde quero. Espero que o Pogon seja uma transição para um clube de Liga Europa ou Champions.
Falou de lesões por culpa própria. Quer esclarecer?
-Foram lesões musculares. Não fazia trabalho de prevenção. Nesse ano aconteceu três vezes. No final da época tive que fazer uma reflexão, aprendi com os erros e não voltei a sentir problemas.
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