Divórcio entre Braga e Daniel Sousa aconteceria mesmo com vitória contra o Estrela
Carvalhal foi oficializado, numa escolha feita antes do empate com o Estrela. Salvador aposta tudo em elevar de imediato o rendimento da equipa. Descontentamento com Daniel Sousa vinha de trás e as dúvidas subiram de tom com exibição frente ao Servette.
Corpo do artigo
Quatro jogos oficiais apenas para Daniel Sousa, e uma pré-época que também terá deixado marcas de um insuficiente progresso futebolístico. Menos de 24 horas após a sacudidela drástica de Salvador no comando técnico, o sucessor foi oficializado, sendo Carlos Carvalhal, como desde logo se palpitava, o sucessor para tomar conta do destino dos guerreiros por mais duas épocas. Começou, já ontem, com um treino pela tarde, o terceiro ciclo como treinador no clube, não esquecendo a ligação à cidade e ainda ao Braga, como jogador.
Regressa acompanhado de João Mário, João Meireles, Filipe Antunes, Tiago Pires, Eduardo Carvalho e Orlando Silva. Apenas Filipe Antunes, ex-técnico do U. Santarém, é novidade no elenco que o acompanhou entre 2020 e 2022 no Braga, onde conquistou para o museu dos minhotos uma Taça de Portugal, atingindo também os quartos de fi nal da Liga Europa.
Já a primeira passagem pelo clube remonta a 2006/07, essa fugaz, por razões de ordem familiar.
Ao todo, Carvalhal apresenta 117 jogos como treinador do “seu” Braga, voltando após experiências no Al Wahda, dos Emirados, Celta, de Espanha, e Olympiacos, da Grécia, conseguindo apenas na Galiza concluir o trabalho.
Não se conhecendo ainda as motivações de Carvalhal neste novo casamento, porque só falará amanhã, a aposta de Salvador procura, ao máximo, agitar águas para que o Braga não falhe o acesso à Liga Europa, tendo que superar, depois de amanhã, duro teste na Suíça, frente ao Servette, isto após um nulo e uma exibição sofrível na Pedreira. O líder dos guerreiros ficou preocupado com o que viu no confronto europeu, deixou logo escapar um aviso e a falta de correspondência diante do Estrela da Amadora aprofundou receios, desembocando na rutura. O chicote estalou com balanço de dez jogos, contando com a pré-época, tendo o presidente feito sentir o descontentamento com a qualidade exibicional, ficando a dúvida sobre a capacidade de o técnico acompanhar a dimensão e os objetivos imediatos, e inegociáveis, do Braga. As análises do antigo técnico do Arouca aos deslizes agudizaram esta interpretação, pelo que foi pouco depois de Daniel Sousa falar aos jornalistas que acabou surpreendido pelo despedimento.
Outros dossiês internos terão também atrapalhado a relação entre as partes, tendo o JOGO apurado que o divórcio seria sempre o caminho, após este último jogo, independentemente do resultado, percebendo-se como a escolha de Carvalhal foi tão rápida, até pelo conhecimento que já tem do plantel: dos mais experientes, como Matheus, Moutinho, este do tempo do Sporting, e Horta, a outros que lançou, como Roger.
Três questões a Joel Pereira, ex-vice presidente do Braga
“Não apreciei a forma como a equipa jogou”
1 - Como analisa a saída tão precoce do técnico?
-É uma saída inesperada e não há muitas palavras, até pela forma como foi contratado e anunciado, para duas épocas. Devo dizer que não apreciei a forma como a equipa jogou nos quatros jogos oficiais com o Daniel Sousa ao leme, mas, despedir um treinador ao fim de quatro jogos, após ter-se dito que tinha um perfil ideal e que havia uma total confiança para encabeçar o projeto coletivo, só o presidente e quem trabalha na estrutura pode responder a isso, e se se cingiu apenas ao desempenho desportivo.
2 - Que vantagens e custos associados à mudança?
-A vantagem imediata que vejo com esta alteração é melhorarmos a qualidade do futebol apresentado e dar um abanão para que possamos passar à próxima fase da Liga Europa. Os custos, além da indeminização a ser paga, espero que não sejam desportivos, porque certamente muitas das contratações têm o dedo do Daniel Sousa. Aguardemos as cenas dos próximos capítulos, e que sejam positivos, de forma a que época 2024/25 seja recheada de sucessos.
3 - Carvalhal é uma boa escolha?
-É uma escolha válida pelo percurso como treinador e pelo passado no clube, havendo outros nomes no mercado. Na minha ótica, Carvalhal tem a vantagem de conhecer os cantos à casa e ser bracarense. Tem um futebol ofensivo e na última passagem ganhou uma Taça de Portugal. A sua chegada ao clube pode representar uma injeção de motivação e confiança ao plantel para os desafios que se avizinham e ajudar a encarreirar a equipa para uma grande época.