Ideia de reforçar o plantel em qualidade e com homens de créditos firmados caiu por terra numa primeira instância. Agora, olha-se para o que é preciso pagar e uma certeza emerge e consolida-se
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Tudo mudou com a pandemia covid-19 e as contas da SAD liderada por Frederico Varandas são cada vez mais distintas face ao que inicialmente tinha previsto no que diz respeito a entradas de receitas extraordinárias e capacidade de investimento tendo em vista a próxima época.
Covid-19 mudou planos da SAD, que agora precisa de liquidez para pagar o que deve
Por isso mesmo, segundo O JOGO apurou, os responsáveis pela sociedade que gere o futebol verde e branco olham com premência a necessidade de encaixar 50 milhões de euros (M€) até outubro para fazer face a um conjunto de compromissos assumidos, independentemente daquele que foi o impacto financeiro e necessariamente positivo da transferência de Bruno Fernandes para o Manchester United em janeiro último por 55 M€ de componentes fixa - mais 25 M€ por objetivos -, que possibilitaram uma mais-valia líquida na ordem dos 30,4 M€.
E o mês de outubro como data de referência prende-se mesmo com o fecho da janela de transferências. As dificuldades leoninas têm estado bem à vista com a falha de pagamento ao Braga do treinador Rúben Amorim, concretamente cerca de 13,8 M€, e de Sporar ao Slovan Bratislava, que publicamente reclama ter recebido apenas uma tranche na ordem de um milhão de euros dos 6 M€ que acordou pagar.
A ideia do elenco leonino era outra em termos de investimento, quando avançou para a contratação do técnico - o mais caro da história do futebol nacional -, dado que em mente estava então a disponibilização dessa verba para investimento no plantel. E as contas eram claras, como o nosso jornal deu conta oportunamente.
Incumprimento: Sporar e Rúben Amorim são encargos que atrapalham as contas
Frederico Varandas olhava para o pressuposto de dotar o plantel 2020/21 de atletas com maior experiência, de qualidade inequívoca e provas dadas, como ponto de ordem, mas a verdade é que a aposta na formação surge agora como desiderato de maior relevância, assim como a procura de reforços que impliquem baixos investimentos.
Os leões, cientes de que o mercado será de restrições, fazem contas ao pouco que sobra do negócio Bruno Fernandes, juntam-lhe os 10 M€ contratualizados com West Bromwich Albion pelo exercício da cláusula de opção de compra estipulada aquando da cedência por empréstimo de Matheus Pereira como valores certos, e pretendem ainda ir buscar o remanescente em negócios de atletas que estão nos seus quadros.
Neste contexto, homens como Marcos Acuña, por quem os leões só pedem de momento 10 M€, ou Coates, também visto como transferível por 10 M€, podem ser argumentos de peso, isto sem esquecer os que são vistos como negociáveis/dispensáveis, como Rosier (5,3 M€), Borja (3,6 M€) ou Doumbia (4,4 M€) que representaram um investimento global na ordem dos 13,3 M€ e cujo retorno do investimento é ponto de ordem.
Extras: Bruno Fernandes aliviou pressão e Matheus Pereira ajuda, mas é curto...
Nestas contas de receitas extraordinárias que a SAD vai procurar assegurar, além dos 10 M€ por objetivos atingidos por Bruno Fernandes ao serviço do Manchester United, estão ainda eventuais negócios em torno de atletas que estiveram cedidos a outros emblemas. É o caso de João Palhinha, que tem vindo a ser objeto de negociações para emblemas ingleses por valores na ordem dos 15 M€.
Dívidas da SAD a fornecedores vai em 61,9 M€
O relatório e contas do terceiro trimestre da SAD, conhecido no final do mês de maio acentuou a premência do dinheiro para os leões até ao final do exercício em curso, que, independentemente da covid-19, terminou no último dia de junho.
São 61,9 M€ os montantes a pagar pela sociedade verde e branca, assumindo-se os clubes como os principais credores, com 29,3 M€, seguindo-se os agentes e empresários com 22,3 M€, isto sem contemplar o último trimestre do exercício, e que ficaram para trás em termos de cumprimento de obrigações financeiras, como se viu no citado caso de Rúben Amorim.
Os dirigentes leoninos, perante a ausência de pagamentos por parte de alguns clubes e entidades, também, por sua vez, já informaram que não poderão liquidar os montantes em dívida como pretendiam no prazo estipulado de um ano.
Seja como for, entre o deve e o haver, é certo que em Alvalade fazem-se contas aos investimentos pretendidos, mas, sobretudo, às despesas assumidas, que são muitas e a perspetiva de receitas no mercado de transferência com ativos presentes no plantel - também fruto dos desempenhos desportivos na última estação -, podem ficar, e muito, aquém do desejado e esperado.
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