Génio à solta, encanto a disparar e mais um jogo grande em Alvalade a pedir sinfonia ao piano e geometria nas quatro linhas
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Rodrigo Zalazar tomou a batuta, soltou o génio e tem comandado o Braga com serviço de excelência, música afinada, senhor de notas inspiradoras nos dedos das mãos, ao piano, e geometria precisa na ponta da chuteira, parecendo fácil tirar partido da meia distância e de uma visão raio-x, descodificando os trincos secretos da ligação às balizas adversárias. A viragem de ano trouxe à cena o melhor Zalazar, que desde 30 de dezembro deixou um contributo de nove ações de golo em nove jogos, somando quatro golos e cinco assistências, a última delas nos sofridos três pontos conquistados frente ao Moreirense.
Igualou já o seu melhor saldo de relação direta com golos, alcançado em 2021/22, como craque do Schalke, quando encerrou a época com sete golos e cinco assistências, contando, nesta altura, com quatro golos e oito passes mortíferos pelos guerreiros.
O comportamento de Zalazar tem sido notável, ao ponto de ter assistido nos dois jogos feitos na final-four da Taça da Liga, comemorando em Leiria o seu primeiro título no Minho, um prémio já a um impacto crescente na equipa, ajudando também na conquista de pontos na Liga, que mantêm o Braga na peugada dos ditos grandes.
Aos 24 anos, o internacional uruguaio ganhou a aposta na vinda para Portugal, encantou a Pedreira por um vibrante recital técnico, não deixando de se entregar de alma e coração a cada jogo. Depois de ter marcado na Luz, na derrota por 3-2, na Taça de Portugal, é de Zalazar, olhando ao momento atual - destacando-se largamente do resto da orquestra contra o Moreirense -, que se esperam grandes pinturas em Alvalade, já que o médio-ofensivo assumiu o protagonismo na equipa por cima de Bruma, Álvaro Djaló ou Ricardo Horta, que exerceram maior influência noutras fases. Procurando desenhar ao piano a paisagem sonora de um assalto ao terceiro lugar, mira que partilhou na gala Legião de Ouro, e que ficou mais visível por descuido portista, Zalazar aspira nova desfeita ao leão, após ter oferecido a Abel Ruiz o golo que afastou os verdes da final da Taça da Liga.
Uruguaios já pedem a sua arte
Os desempenhos de Zalazar, associados aos números que apresenta e à valorização na mudança para Portugal, são tema de conversa recorrente no Uruguai, havendo inúmeros pedidos para o maestro guerreiro, observado consecutivamente por elementos do staff técnico nos últimos jogos, ser incluído nos eleitos de Marcelo Bielsa.
Estão perspetivados amigáveis para 18 e 26 de março, até serão feitos na Europa e aponta-se uma potência europeia, que até pode ser Portugal, num leque que engloba ainda Espanha, França, Itália e Países Baixos.