Diogo Valente recorda: "Ainda me isolei duas vezes na cara do Helton, mas as pernas tremeram..."
ENTREVISTA I >> Diogo Valente, hoje em dia a jogar no Salgueiros - 39 anos e mais de 500 jogos - faz um apanhado da carreira, nos pontos altos, e lembra que foi colega de praticamente todos os campeões da Europa de 2016, em clubes ou nos jogos da seleção de sub-21
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Consegue fazer a lista dos jogos mais especiais?
-Vou escolher a final da Taça, por todas as razões. Não me sai da cabeça também um jogo pelos sub-21, no Bessa, de apuramento para o Europeu 2006. Faço exibição fantástica e sou decisivo. Pelo Cluj, fiz uma assistência para o Kapetanos, decisiva no acesso à Champions. Mas também posso falar do jogo do Boavista em Leiria, quando me estreio na Liga; realizava um sonho aos 19 anos. Ainda me isolei duas vezes na cara do Helton, mas as pernas tremeram. Nessa altura também conheci o meu ídolo: Drulovic.
A passagem pelo FC Porto, um só jogo feito...foi dura?
-No Boavista criei o meu estatuto e o sonho passou a ser jogar num grande, concretizei-o ao ir para o FC Porto. Não fui muito feliz ou não tive o sucesso que queria. Cheguei por indicação do Adriaanse, que sai com aquela confusão, e entra o Jesualdo. Não fui aposta para ele. Na irreverência da idade, quis sair para jogar. Hoje, talvez pudesse ter esperado algo, porque essa decisão teve influência na minha carreira. Não regressei mais, mas ainda pude abrir as portas da Champions, no Cluj. Não fui internacional A, mas estive muito perto, e passei pelos sub-21, que era uma das metas.
Algum sabor amargo?
-Devia ter conseguido algo mais, assumo as responsabilidades, apesar de ter sido bom profissional. Talvez não me tenha preparado o suficiente, não é por acaso que cada um faz a sua carreira. Podia ter sido mais forte mentalmente e a nível físico podia ter dado mais importância a alguns aspetos. Foi uma carreira bonita, mas podia ter sido mais sorridente. Quando olho para a Seleção que foi campeã europeia, reparo que todos foram meus colegas de clubes ou de sub-21. Estava ao nível deles, mas eles chegaram e eu não! Entendo que a minha falta de sucesso no FC Porto gerou esse prejuízo. Devia ter sido mais exigente comigo próprio, elevado níveis físicos, para não ter essa mágoa. Podia ter sido internacional A.
“Chego ao FC Porto, após duas épocas como figura do Boavista, revelação da Liga e internacional sub-21. Quando fica fechada a transferência, deixo de jogar pelo Boavista. Chego ao FC Porto, sem ritmo, meia época sem jogar, os níveis de confiança e físicos não estavam no topo. Tudo isso mexeu comigo e acusei a dimensão do clube. Não sei o que se passou, estranhamente deixei de jogar no Boavista. Era um menino de 21 anos e tremi.Não me apresentei preparado no FC Porto para essa cobrança de nível. E, depois, deu-se o facto de ser contratação de Adriaanse”, recorda.