ENTREVISTA, PARTE I - Ultrapassada a lesão com que voltou a Portugal, Kritciuk, guarda-redes do Gil Vicente, já leva 11 jogos realizados. Nas balizas nacionais destaca o homólogo do FC Porto e o ex-colega Matheus.
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Aos 32 anos, Kritciuk só jogou em dois países, na mãe Rússia e em Portugal, onde se sente quase como em casa. O guarda-redes falou a O JOGO sobre a saída para o Zenit, depois da melhor época de sempre do Gil Vicente, do regresso a Barcelos, da campanha atribulada dos minhotos, que já conheceram três treinadores, e dos bons guarda-redes que disputam o campeonato português, como Diogo Costa e Matheus. Um momento raro na carreira do russo, mais conhecido pelas ações do que pelas palavras.
"Esta época, os treinadores falharam ao transmitir a sua visão do futebol aos jogadores"
"O Zenit ofereceu-me um contrato de três anos, mas preferi assinar por dois, porque sabia que iria sentir a falta de algumas coisas do futebol português"
Na última época esteve apenas algumas semanas no Gil Vicente e saiu para o Zenit. O que o fez voltar a Portugal?
- Sempre gostei do nível do campeonato português, do estilo de jogo ofensivo e da forma organizada como trabalho aqui, mas na época houve vários fatores que me levaram a mudar para o Zenit. O primeiro foi a pandemia, que impediu que os meus filhos fossem para Portugal. Sentia muitas saudades e queria estar com eles; o segundo foi poder disputar títulos com o Zenit e participar da Liga dos Campeões; o terceiro foi a parte financeira. O Zenit ofereceu-me um contrato de três anos, mas preferi assinar por dois, porque sabia que iria sentir a falta de algumas coisas do futebol português. Depois, lesionei-me e comecei a pensar em opções fora da Rússia, pesando os prós e os contras de voltar a Portugal. É muito difícil um jogador de futebol lesionado transferir-se para outro clube, mas como o Gil Vicente conhecia o meu nível de profissionalismo estavam dispostos a correr esse risco.
O Gil Vicente conseguiu chegar aos lugares europeus em 2021/22, mas esta época as coisas estão mais difíceis. O que tem faltado?
- O Gil Vicente tinha uma equipa técnica muito forte na época passada, uma das melhores com quem trabalhei, e isso contribuiu muito para um resultado tão bom do nosso clube. Nesta temporada, a equipa técnica mudou, o que exige sempre um período de adaptação. Às vezes funciona, outras vezes não. Neste caso, os treinadores falharam ao transmitir a sua visão do futebol aos jogadores.
"Era óbvio que havia problemas, não estávamos a mostrar resultados"
Acha que ter ido à Europa trouxe mais cansaço à equipa?
- O resultado do ano passado foi o melhor da história do Gil Vicente. A temporada seguinte significa pressão adicional sobre os jogadores e o clube, com mais jogos. Mas o principal fator foi a mudança da equipa técnica, que não conseguiu transmitir-nos as suas ideias. O plantel não mudou muito, mas jogamos um futebol diferente.
Como encarou o grupo a troca de treinadores?
- Era óbvio que havia problemas, não estávamos a mostrar resultados, por isso mudaram a equipa técnica. Claro que os jogadores não ficam totalmente à-vontade quando chega um novo treinador, porque precisam de se adaptar às novas condições, mas sabíamos que a mudança era necessária.
Não começou a época como titular, por estar lesionado. Foi mais difícil agarrar o ritmo e entender-se com os companheiros de defesa?
- Foi, provavelmente, a recuperação mais longa e difícil que tive, mas acabei por entrar no ritmo do jogo com bastante rapidez. Ser perfeccionista foi uma das coisas que me ajudou, porque sempre vejo algo a melhorar no meu jogo. O entendimento do guarda-redes com a defesa é trabalhado nos treinos e o facto de o plantel não ter mudado muito também me ajudou, porque já conhecia vários jogadores.
"Espero que Diogo Costa tenha um grande futuro pela frente"
Kritciuk à parte, quem é o melhor guarda-redes a atuar em Portugal?
- Dado o potencial e o talento que tem, vou nomear o Diogo Costa. É um guarda-redes talentoso, promissor e com um bom conjunto de qualidades. Espero que ele tenha um grande futuro pela frente.
E o Matheus, que foi seu companheiro em Braga, que ideia tem dele?
- O Matheus é um bom guarda-redes. Seria interessante vê-lo noutro clube ou campeonato e ver que nível ele atingiria. Conheci-o bem quando competimos em Braga. Soube que ele se lesionou com gravidade, mas depois disso voltou a jogar a alto nível e o Braga está feliz com ele.
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