Di María: "Uma cabeça de porco com bala na testa e bilhete a dizer que a próxima seria a minha filha"
Jogador vai continuar mais um ano no Benfica. Em entrevista, detalhou as ameaças que ele e a sua família sofreram em Rosário
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Em entrevista ao jornalista Juan Pedro Aleart, do meio argentino Rosario3, Ángel Di María falou finalmente dos momentos de pânico que a sua família viveu devido às ameaças que levaram a que abandonasse a ideia de voltar ao Rosario central, acabando por comprometer-se por mais um ano com o Benfica.
"Houve uma ameaça no bairro dos meus pais. Isso correu por todo o lado e, ao mesmo tempo, houve outra ameaça na agência imobiliária da minha irmã, que não veio a lume porque a minha irmã e o meu cunhado estavam assustados e não a denunciaram. Era uma caixa com uma cabeça de porco e uma bala na testa, e um bilhete que dizia que, se eu voltasse à Central, a próxima cabeça seria a da minha filha Pia. Também deram o nome de Bullrich e Pullaro, que queriam que eles se fossem embora. Depois, houve a ameaça da estação de serviço onde foram disparados os tiros, o que não foi há muito tempo. Qualquer empregado ou pessoa que lá estivesse na altura podia ter morrido ali, foi uma loucura. Acho que havia demasiadas coisas para tomar esta decisão, não eram apenas pequenos pedaços de papel, havia tiros e coisas sérias. Não foi algo financeiro ou desportivo, foi mais do que isso, foram ameaças à minha família que ultrapassaram tudo. Só o facto de ver o nome da minha filha num cartaz e de, numa caixa, terem enviado o que enviaram, foi mais do que qualquer coisa que eu pudesse fazer. Foram meses horríveis. Onde só pensámos e chorámos todas as noites por não conseguirmos realizar o sonho", relatou, emocionado.
A decisão de não voltar suscitou críticas, que o jogador rebate: "Muitos que compreenderam a decisão que tomei, que foi pela minha família, não só as minhas filhas e a minha mulher, mas também os meus pais e as minhas irmãs, porque vivem lá. Aqueles que não entendem é porque não se colocam no meu lugar por um segundo, porque é fácil reclamar e abusar nas redes sociais sem se colocar no lugar do outro. Não se esqueçam que antes do sonho de todos eles, era e é o meu sonho e o da minha família regressar a Rosário. Muitas das decisões que tomei ao longo dos anos a Jorgelina não concordou comigo a cem por cento e, no entanto, acompanhou-me para todo o lado com as meninas, como qualquer mulher que ama o seu marido faz, somos uma família. Sempre tomei as decisões sobre futebol com o apoio da minha família. Qualquer pessoa que tenha uma família compreende-me. E ela disse-me desde o primeiro dia que faria tudo o que eu decidisse, o que eu quisesse e sentisse, desde que eu fizesse o que sentia, mas não podia obrigá-los a realizar o meu sonho de voltar. Não podia com a minha cabeça, sabendo que estou a treinar e as minhas filhas na escola ou a minha mulher num super sozinho. É muito fácil falar de fora e criticar sem saber, nós não queremos uma vida sob custódia, gostaríamos, mas não é o que queremos viver."