Despacho do Ministério Público sobre Vieira: dívida de 54 milhões por... um euro
Acusação revela que o até agora líder da Luz livrou-se de garantia sobre a Imosteps por verba residual.
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O Ministério Público (MP) acusa Luís Filipe Vieira de lesar o Benfica, mas também o Estado e o Novo Banco, considerando que o até ontem presidente das águias organizou diversos "esquemas" para benefício pessoal.
Um dos objetivos era livrar-se de dívidas das suas empresas, sendo que o despacho do MP a que O JOGO teve acesso aponta para um negócio específico no qual Vieira "vendeu todas as suas ações" da Imosteps, quando era detentor a 100 por cento desta empresa, "por um valor simbólico de um euro" ao fundo Portugal Restructuring Fund FCR - cujos investidores formais eram José António dos Santos e a sua mulher, Maria Isabel dos Santos -, no sentido de se livrar das garantias que havia prestado sobre a dívida da Imosteps ao Novo Banco, no valor de 54,3 milhões de euros.
Esta verba foi precisamente o total que esta empresa de Luís Filipe Vieira terá recebido do antigo BES, na sequência de um "relacionamento privilegiado com Ricardo Salgado", responsável pela entidade bancária, e até com Vítor Fernandes, membro do Conselho de Administração do Novo Banco. A acusação fala até do "desvio de uma parte desses montantes para interesses distintos" daqueles que seriam os da Imosteps e da OATA, outra empresa detida por Vieira, apontando um "prejuízo de cerca de 82 milhões de euros".
No documento do Ministério Público, fala-se diversas vezes da "opacidade" dos processos de Vieira e a propósito dos negócios imobiliários do dirigente encarnado e de José António dos Santos, conhecido como "rei dos frangos", refere-se que estes eram "na verdade conduzidos por Luís Filipe Vieira", que seria "o verdadeiro beneficiário final dos mesmos, estando apenas prevista a compensação dos gastos e remuneração dos capitais aportados" pelo empresário. Que de acordo com a acusação atingiram os 44,7 milhões de euros. Por isso, a investigação suspeita que Vieira tenha "promovido" a venda de 25% do capital da SAD encarnada para "adiantar esse retorno do investimento ou para alimentar a esperança no mesmo".