Jardel, melhor marcador estrangeiro da história do FC Porto, abre a porta à passagem de testemunho, mas lembra que "ainda faltam muitos golos...".
Corpo do artigo
Foi quase em cima da meta da terceira época ao serviço do FC Porto que Taremi executou um autêntico golpe de asa.
No último sábado, em Famalicão, o avançado assinou o primeiro póquer de dragão ao peito, numa noite histórica, que lhe permitiu atingir a fasquia dos 30 golos numa só temporada, algo que nunca havia logrado e, em simultâneo, ascender ao pódio dos melhores marcadores estrangeiros da história do clube.
Mehdi passou a contar 79 tentos de azul e branco, tirou Hulk (77) do terceiro lugar e ficou a 13 do segundo posicionado, Jackson Martínez (92). No primeiro lugar surge, destacado, Mário Jardel (168 em 175 jogos), curiosamente o último portista a anotar, antes de Taremi, quatro golos numa partida - em 1999, contra o Beira-Mar.
A esse propósito, o antigo goleador em série aceitou falar em exclusivo a O JOGO sobre o matador do momento e expressou, desde logo, um desejo. "Ainda faltam muitos para me apanhar, mas o que desejo é que ele consiga superar o meu recorde! Seria bom para o FC Porto, que me deu muitas alegrias. Não me importava nada, a vida continua", atirou, altruísta.
Ao lançar esta espécie de repto ao internacional iraniano, Jardel deixou subentendido que gostaria de ver o camisola 9 por mais anos no Dragão. O contrato de Taremi termina no final da próxima época e o interesse do Al Hilal tem sido noticiado, mas o Super Mário foca-se no que Mehdi ainda pode dar à equipa de Sérgio Conceição. Ainda assim, entre risos, avisa: "Não é fácil para ninguém fazer épocas como eu e aquela equipa do FC Porto fazíamos, mas era mérito nosso. Eu tinha faro puro. Muitas das bolas que vinham ter comigo davam golo. Marcava em jogos fáceis e difíceis, não perdoava ninguém."
Imitar Jardel seria, de facto, uma proeza. Nas quatro épocas que passou no FC Porto - entre 1996 e 2000 -, o ex-internacional brasileiro bateu sempre a barreira das três dezenas de remates certeiros e, na última campanha, chegou aos 56. A "tarefa" proposta a Taremi é, então, hercúlea, mas o antigo futebolista reconhece que o jogo do atacante, de 30 anos, vai muito para lá da relação com a baliza. "É um avançado oportunista e nota-se que tem muitos cuidados com a condição física. Recua mais no campo, aparece noutras posições... É um reflexo da mudança do futebol nos últimos anos, mas tem mérito, porque, mesmo assim, faz muitos golos", assinalou.
Mais de duas décadas separam os "reinados" de Jardel e Taremi no FC Porto e o agora embaixador do Ferroviário, clube da Série D do Brasil, traça, em tom bem-disposto, uma diferença. "O Taremi é o principal responsável por bater os penáltis neste FC Porto, algo que eu quase não fazia. Se fosse batedor, ainda tinha mais golos, porque fiz de todas as maneiras e feitios", rematou. Seja como for, Taremi já sabe que conta com a aprovação de um matador certificado. E, se continuar no FC Porto, pode sonhar com o trono do Super Mário: faltam 89 tiros certeiros e amanhã, ante o V. Guimarães, contra quem já faturou três vezes, a conta pode engordar. Depois, ainda haverá a final da Taça de Portugal.