"Derrota com o FC Porto na Supertaça foi importante para a humildade do grupo"
Excertos do documentário da dobradinha do Sporting denominado "The winner takes it all"
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SOBRE AS SAÍDAS DE PAULINHO, COATES E ADÁN
Geny Catamo:
"Durante a época em que fomos campeões com Amorim, tínhamos a noção de que ia chegar o tempo em que nós, os mais novos, íamos ter de agarrar o barco, Paulinho, Coates e Adán, os mais velhos, teriam de sair, seria um momento difícil."
Francisco Trincão:
"Eram exemplos, dentro e fora do campo ajudavam-nos muito. O Paulinho dava-me bastantas duras, era alguém que liderava fora do campo. O grupo sentiu muito, porque saíram algumas das maiores figuras que acabavam por ser irmãos mais velhos."
SOBRE DERROTA NA SUPERTAÇA
Gonçalo Inácio: "Precisávamos de liderança no campo, tínhamos perdido Coates, Luís Neto e Paulinho."
Hjulmand: "A falta de maturidade e experiência da equipa fez com que não ganhássemos esse jogo. "
Frederico Varandas: "Essa final marcou a nossa primeira derrota da época, mas veio a ser muito importante para o desfecho do ano desportivo. Estava a ser a final mais fácil de que me lembro, éramos a melhor equipa, mas não merecemos vencer esse título, o FC Porto lutou, com toda a justiça. Foi um jogo importante para a humildade deste grupo que era campeão, soubemos que tínhamos de estar ligados em todos os jogos, se quiséssemos ser campeões. Esse jogo marcou toda a gente, esteve presente na cabeça dos jogadores em toda a época."
Pedro Gonçalves: "Foi um abre-olhos para não nos acharmos grandões, soubemos que tínhamos de trabalhar mais do que os outros."
O DISCURSO DE RÚBEN AMORIM ANTES DO JOGO COM O ESTORIL
"Matheus, lembras-te de como era nos Sub-23 do Rio Ave? Debast, lembras-te do que disseram de ti? Diomande, lembras-te de como era jogar no Mafra? Geny, lembras-te de quando estavas no Marítimo, no banco? Quaresma, gostavas de não jogar no Tondela? Nada nos foi dado, lembrem-se do que é estar na m... Agora que estamos em cima, tenham pavor de voltar a essa vida. Vai começar o inverno, os jogos em que não apetece tanto jogar, vamos para lá com um sorriso na cara."
SOBRE A SAÍDA DE HUGO VIANA
Hjulmand: "Hugo Viana disse-me, antes de dizer à equipa e aos outros capitães, que ia sair. Não ficámos contentes, no início não sentíamos que ele ia sair, sentimos mais o impacto quando ele saiu mesmo. Fizemos uma reunião, em que ele discursou. Ele explicou-nos por que razão ia sair do Sporting, a forma como ele via o tempo que passou aqui. O Viana estava feliz e entusiasmado para um novo desafio, e a equipa percebeu."
NUNO SANTOS SOBRE A LESÃO
"O jogo do Famalicão foi muito difícil para mim, pensei que não me ia lesionar assim outra vez. Foi um movimento muito drástico, de mudança de direção, quando acelerei senti um estalo muito grande. Nesta lesão senti muitas dores, pedi ao doutor que me desse alguma coisa, queria perder os sentidos."
SOBRE A SAÍDA DE RÚBEN AMORIM
Francisco Trincão: "Nem parecia real, depois o mister ficou, parecia que não era real, parecia que ia ser num futuro não tão próximo. Ficámos um bocadinho como um filho sem o pai."
Eduardo Quaresma: "Mesmo com a saída de outros pilares, o mister não nos deixava ir abaixo. Uma vez, no treino, ele veio falar comigo e eu não conseguia falar com ele, ia chorar ali, não estava a conseguir lidar com a situação."
SOBRE JOGO COM O BRAGA
Pedro Gonçalves: "Estava no aquecimento, senti o adutor direito, mas continuei a aquecer, pensei que podia ser só uma dorzinha."
Rúben Amorim: "Não gosto de despedidas. Se formos humildes, ganhamos o campeonato, a diferença é muito grande. Vai ser difícil para toda a gente, vão ter de ajudar o Quaresma, o Pote, o Geny, o Marcus [Edwards], o Iván nunca joga. Vai ser difícil, há ligações que temos, mas nós vamos ganhar isto. Vocês são inacreditáveis, muito melhor do que no jogo com o Manchester City. Foi o melhor momento de futebol, para mim. [Amorim chora] O que vocês precisarem de mim, tudo, vocês vão ter. Vou torcer mais por vocês do que vocês vão torcer por mim. Quaresma, Geny, Marcus, quero toda a gente a levar os gajos. Vão precisar deles. Obrigado por tudo, vocês são os maiores, meus meninos. Obrigado tudo, acabaram-se as despedidas, ficamos por aqui. [Geny Catamo chora]."
Frederico Varandas: "Foi um dos momentos mais marcantes da época, foi um stress test ao que o Sporting é enquanto clube, hoje. 90 por cento dos treinadores aceitariam o convite que Amorim aceitou. No momento em que o Rúben Amorim comunicou a decisão, disse-me 'presidente, quero isto', senti que estava desfeito por tomar essa decisão. Ele estava a olhar para o chão e eu disse-lhe 'levanta-te'. O Amorim foi muito feliz nesta casa, era um treinador feliz, ajudou-nos a transformar o clube, só consigo ter boas memórias. O futebol é isto, desejo-lhe o melhor, é o segundo treinador com mais jogos na história do Sporting."
SOBRE A APRESENTAÇÃO DE JOÃO PEREIRA
Francisco Trincão: "Receber João Pereira depois de estar com Amorim acabou por ser estranho, mas, no futebol, temos de estar preparados para tudo, sabíamos do bom trabalho que tinha feito na equipa B."
Gonçalo Inácio: "Queríamos dar o nosso melhor, mas, emocionalmente, não estávamos a 100 por cento. Seria muito difícil para qualquer treinador que viesse após Rúben Amorim."
SOBRE A SAÍDA DE JOÃO PEREIRA
Frederico Varandas: "Olhando para trás, o João sofreu muito, eu não estava preparado para o impacto emocional [da saída de Amorim]. Houve um momento de luto pela saída do treinador, cada um resolveu-o no seu timing, exigiu-se a João Pereira tudo o que ele podia fazer. Toda a gente adorava o João, tinha sido campeão pelo Sporting, conhecia o grupo, mas não estávamos preparados para aceitar 100 por cento das ideias de João Pereira. O João não teve nada do seu lado, o grupo fez o luto durante o tempo de João Pereira. O grupo sentiu um peso na consciência no dia em que o João saiu, muito por culpa nossa, por estarmos a fazer esse luto. "
SOBRE A ENTRADA DE RUI BORGES
Hjulmand: "Vimos um treinador confiante, precisávamos disso na altura."
SOBRE O JOGO COM O BENFICA
Rui Borges: "Sentia que era um jogo que podia ajudar na mudança de atitude, na motivação, só queria que acreditassem neles próprios, o resto vem por consequência, a ideia de jogo, as dinâmicas. Se estiverem confiantes, vão errar menos. Eles são os bons, eram os melhores."
SOBRE O JOGO COM O BOAVISTA
Hjulmand: "Mesmo não sendo português, a atmosfera do Jamor, para mim, é muito especial."
Trincão: "O jogo com o Boavista foi o melhor jogo fora que tive no Sporting. O Viktor [Gyokeres] estava num daqueles dias em que era passar-lhe a bola e ele resolvia, acho que fiz duas assistências para ele."
Gyokeres: "Nesse jogo, sentimos que o apoio foi incrível, parecia um jogo em casa, apesar de ser fora."
SOBRE O JOGO COM O GIL VICENTE
Eduardo Quaresma: "O mister estava a dizer-me para ir para a área, mas eu pensei 'a minha posição é aqui, ia para a área fazer o quê?'. A bola já tinha caído naquela zona, mas eu estava longe. Vi a bola cair e disse 'é agora'. Há uma mística nesse momento, vai ficar para a história do clube."
Nuno Santos: "Marcámos e vieram-me as lágrimas aos olhos, olhei para trás e a minha mulher estava a chorar."
Daniel Bragança: "Escolho esse golo como o momento da época."
Rui Borges: "Acredito que esse foi, claramente, o jogo do título."
O BENFICA-SPORTING DA SEGUNDA VOLTA
Rui Borges antes do jogo: "Tenho um orgulho do c... em vocês, o tempo passa muito rápido. Chegámos muito longe para parar, não parem, sejam muito corajosos. Hoje é a nossa vida, a sorte depende muito da força do nosso acreditar. É impossível matar uma atitude, vamos c..."
Pedro Gonçalves: "Ser campeão no Sporting por duas vezes seguidas não é coincidência, é fruto de muito trabalho."
Eduardo Quaresma: "A viagem de autocarro até ao Marquês é uma das melhores sensações que senti na vida."
Frederico Varandas: "Estávamos com o Alexandre Brito, com o Felicíssimo, com o capitão de fora, com Gyokeres condicionado. Disse-lhes 'se chegarmos à última data FIFA em primeiro lugar, vamos ser campeões'. Quando vejo o que o Gyokeres fez, um dos melhores jogadores da história do Sporting, o Pote, o Trincão, aquele tridente ofensivo, liderados pelo nosso capitão. Inácio, Diomande, Quaresma, um guarda-redes que veio no momento certo para ser uma peça fundamental. Quando vejo uma época com três treinadores, um diretor desportivo que sai no final de janeiro. No Sporting que eu cresci a ver, era impossível resistir a estas adversidades, nunca aconteceu isto. Nunca um grande perdeu um treinador a meio da época por bons motivos, tivemos um treinador novo que não se conseguiu adaptar. A forma como o clube se agarra, se torna imune aos tremores de fora, à propaganda, mostra como o Sporting é um clube forte e vencedor."
SOBRE A FINAL DA TAÇA DE PORTUGAL
Gyokeres: "Quando pousei a bola na marca de penálti, sabia para onde ia marcar, só queria bater bem, foi um dos meus melhores penáltis."
Hjulmand: "Ser bicampeão e ganhar a dobradinha, fazer história aqui como jogador, significa tudo para nós."
Frederico Varandas: "Lembro-me de acordar nessa manhã - tenho uma mulher sueca, os meus dois filhos são suecos e portugueses - e ouvir a música "The winner takes it all" [da banda sueca ABBA]. Contei-lhes que tinha ouvido essa música em casa. Perguntei-lhes 'fomos campeões no ano passado, este ano já somos campeões, já chega?'. Não, este ano vamos sair do Jamor com tudo. Depois, ficou o mote para as nossas celebrações, foi um ano em que ganhámos tudo porque merecemos ganhar tudo."
O BALANÇO DA ÉPOCA
Frederico Varandas: "Conquistámos muitos títulos, mas não chega, queremos mais, os jogadores querem mais, o treinador quer mais, os adeptos querem mais. Vamos ganhar sempre? Não. Mas cada vez vamos ganhar mais."