Vitória do Marinhense por 1-0, em Peniche, foi conseguida com um golo do avançado que, nos descontos, por expulsão do guarda-redes, teve de ir à baliza e parou um castigo máximo
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Marcar um golo e acabar o jogo à baliza, defendendo um penálti. Este é o resumo da tarde de anteontem de Dedé, avançado cabo-verdiano do Marinhense, que diz ter vivido um dia “para não mais esquecer”. Ora, na estreia no Campeonato de Portugal, os homens da capital do vidro foram a Peniche ganhar por 1-0. Dedé marcou de penálti, mas os descontos foram longos e repletos de peripécias. Aos 90+11’ - o árbitro deu nove de compensação - houve grande penalidade favorável ao Peniche. Na confusão, Framelin, guarda-redes, foi expulso por protestos e Rui Sacramento, treinador, mandou Dedé para a baliza.
“O míster chamou-me e perguntou se já tinha ido à baliza alguma vez. Disse-lhe que nunca tinha acontecido num jogo oficial, mas ele confiou em mim e disse-me para me atirar para o lado esquerdo, que ia defender. Foi o que fiz, e defendi mesmo!”, conta a O JOGO o improvisado guarda-redes. “O míster foi guarda-redes e explicou-me que quando é um jogador de campo que vai para a baliza, o adversário que vai cobrar o penálti atira sempre para o lado mais confortável. Esperei até ao fim para me atirar e, de facto, o míster tinha razão”, explica.
Três pontos garantidos e um telemóvel que não tem parado de tocar. “O impacto é gigantesco. Há gente de toda a parte a mandar-me mensagens. Não há explicação para isto. Defendi o penálti, o jogo ainda durou mais 30 segundos e, no fim, toda a gente me abraçou, e muitos a olhar para mim. Fiquei sem palavras”, recorda. “Não consegui, ainda, responder a toda a gente”, acrescenta.
Nascido em Cabo-Verde, chegou a Portugal com 19 anos, para jogar no Odiáxere, com a ajuda de um tio. Fez três épocas nesse emblema algarvio e mudou-se, depois, para o Moncarapachense. “Entretanto, fiz testes no Sporting de Pombal durante uma semana, e acabei por voltar para o Algarve. A meio da época passada, ligaram-me para treinar à experiência no Marinhense uma semana, e acabei por ficar”, conta. Agora, sonha conseguir lutar pela subida na Marinha Grande. “Queremos encarar os jogos um de cada vez, mas fiquei pelo projeto e porque queremos tentar a subida”, termina o dianteiro, de 23 anos.
Perda de familiar fê-lo querer desistir
Perder um familiar “muito importante” no ano passado fez Dedé querer desistir do futebol. A intervenção e o apoio de Rui Sacramento deram força ao avançado. “O míster deu-me força, sei que gosta de mim. Disse-me para trabalhar, para lutar, porque ia ajudar-me a evoluir. Nem queria voltar mais a jogar futebol, mas ele insistiu e só tenho de lhe agradecer. Tive outras propostas, mas já tinha dado a palavra ao míster”, revela.