Internacional belga recorda com emoção as comemorações do título de campeão nacional do Sporting. Iniciou o percurso de leão ao peito como central, mas Rui Borges atirou-o para o meio-campo. O belga não se intimidou: “A escolha acabou por dar certo. Falei com o míster Rui Borges”, explica.
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Zeno Debast, defesa/médio do Sporting, concedeu uma entrevista ao Het Laatste Nieuws, detalhando a sua vida de leão ao peito. Integrado nos trabalhos da seleção da Bélgica, que vai fazer dois jogos de apuramento para o Mundial, diante da Macedónia do Norte e País de Gales, o central passa em revista uma temporada recheada de êxitos.
Ficou surpreendido com os festejos do título, numa época em que o Sporting ganhou tudo?
—Ainda não tenho palavras para descrever. Acho que havia mais de 120 mil adeptos na cidade para acompanhar o nosso autocarro. São 120 mil pessoas! Ainda vejo todos os dias os vídeos que gravei. As loucuras que aconteceram lá... Acho que vi tudo numa única noite. Foi de loucos. Vi alguém a tentar saltar de uma ponte para o nosso autocarro. Outro adepto estava pendurado num poste de iluminação a quatro metros de altura. Incrível! É assim que se vê o que o futebol pode fazer a uma pessoa.
Como viveram os momentos após o final da partida contra o Vitória de Guimarães, que confirmou o título?
—Só um dia depois me apercebi bem do que aconteceu. Depois do jogo foi tudo muito rápido. Queres encontrar a família o mais rapidamente possível, comemorar com os colegas de equipa, entrar no autocarro e fazer a festa. Só fui para a cama às sete da manhã. E quando acordei algumas horas depois, disse: 'Zeno, és campeão'. Nessa noite, fomos a um restaurante com todo o grupo. Estávamos eufóricos. Essa euforia durou até depois da final da Taça ganha.
O jogo contra o Vitória de Guimarães terá sido o momento mais alto da época?
—Sim, foi a última jornada do campeonato. Tanto o Benfica como nós ainda podíamos ser campeões. Nós ganhámos, eles empataram. Mas foi emocionante, porque ainda podia acontecer de tudo. Foi um momento inesquecível, fenomenal.
Determinante para o Sporting foram os dérbis diante do eterno rival, o Benfica. Concorda?
—Eu achava que tinha vivido muito nos jogos contra o Standard [Liège], o Club Brugge ou o Union [St. Gilloise]. Nada disso. Lá [em Portugal], já se começa a falar do dérbi quatro semanas antes. Até na padaria se ouve falar do jogo. Acho que há adeptos que não conseguem dormir nos dias antes ou depois dos dérbis.
Numa temporada recheada de inúmeros acontecimentos que fragilizaram a equipa, como foi a sua relação com Rúben Amorim?
—Foi difícil aceitar quando soube que ele ia embora. O Hugo Viana também escolheu o Manchester City a meio da época. Foram essas duas pessoas que me vieram buscar ao Anderlecht. Enquanto jovem começas a pensar ‘ok, ainda vou ter a minha oportunidade ou tudo vai mudar?’. Mas, no final, correu tudo bem. O grupo lidou bem com a saída de Amorim. A propósito, ainda mantenho contacto com ele de vez em quando. Enviou-me uma mensagem depois do título, assim como o Emanuel Ferro e o Carlos Fernandes, que foram com ele. Isso é bom. A escolha que fiz no ano passado foi a mais correta.
Começou a época como defesa e terminou como médio. Que balanço faz dessa mudança?
—Falei com o míster Rui Borges. Ele também me vê como um médio e quis dar uma oportunidade. A escolha acabou por dar certo e continuei nessa posição. Cresci e fui criado como defesa-central, esses automatismos estão dentro de mim, às vezes ainda treino nessa posição, isso foi discutido internamente.