Primeira volta do Campeonato de Portugal chegou ao fim e a página Campeonato das Oportunidades, parceira de O JOGO, elencou um conjunto de destaques, iniciativa que dura há três épocas e que já colocou o olho em nomes como Vitinha (Braga), Bruno Almeida (Santa Clara) e Ricardo Matos (Portimonense).
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ANDRÉ SILVA
Idade: 22 anos
Clube: Gondomar
Posição: Médio-ofensivo/extremo
Da família Jota para dar o salto
O Gondomar foi um dos clubes que já passou pelas páginas de O JOGO, na rubrica semanal que o nosso jornal leva até si sempre que há jornada do Campeonato de Portugal. Foi precisamente antes da pausa natalícia que os nortenhos foram notícia, porque eram a única equipa que ainda não tinha perdido no CdP, estatuto que perderam, no domingo passado, ao serem batidos, em casa, pelo Rebordosa (1-0), líder da Série B, em igualdade pontual com o Salgueiros. No entanto, no conjunto de Domingos Barros têm sobressaído alguns jovens, com o todo-o-terreno André Silva à cabeça. É inevitável começar por dizer que André Filipe Teixeira da Silva é irmão de Diogo Jota, que fez praticamente toda a formação no Gondomar antes de despontar no Paços de Ferreira, que o guiou a outros voos. Ora, André é quase como o irmão no início da carreira, joga a médio-ofensivo, a extremo ou a avançado e vem de boas escolas. Começou onde está agora, passou pelo FC Porto, Paços de Ferreira, Famalicão e Boavista antes de regressar a casa, em 2021/22. Amadurecido, explodiu na presente temporada, com seis golos e duas assistências, tendo influência direta em seis dos 18 golos da equipa na prova. Em dezembro, aliás, fez dois remates certeiros em três partidas e fechou o ano civil da melhor maneira. Seguir as pisadas do irmão é uma missão difícil, mas ver André Silva num patamar superior nos próximos meses não parece assim tão improvável. O futuro o dirá.
RONALDO AFONSO
Idade: 21 anos
Clube: B. C. Branco
Posição: Avançado
Nome de Fenómeno alimenta o sonho
Às portas do centenário, o Benfica e Castelo Branco, fundado em 1924, tenta chegar à histórica data noutro patamar. A subida à Liga 3 é um sonho que tem sido alimentado por uma época consistente, traduzida no primeiro lugar da Série C, com dois pontos de vantagem face ao 1.º de Dezembro. Na frente mora um goleador cujo nome foi inspirado no de Ronaldo "Fenómeno". Ronaldo... Afonso, nascido em São Tomé e Príncipe, e que a 13 de dezembro saía nas páginas de O JOGO a falar precisamente da boa temporada, traduzida em nove golos, um na Taça de Portugal e oito no CdP. Avançado que joga mais descaído sobre as faixas, como sénior nunca tinha feito mais do que dois golos por época, estando perto de quintuplicar a marca. Começou a jogar futebol por influência da mãe, que, em África, também praticou a modalidade e que por ser apaixonada pelo desporto-rei, pela seleção brasileira e por Ronaldo Nazário, batizou o filho com o mesmo nome do dianteiro que encantou o planeta entre o final da década de 90 e o início dos anos 2000. Veio para Portugal quando ainda era sub-19, primeiro para jogar no Juventude de Évora, onde não ficou, devido a questões burocráticas. O Oriental abriu-lhe as portas, andou pelo GRAP, Loures e Oliveira do Hospital até encontrar, nos albicastrenses, a zona de conforto para fazer explodir o talento. Conta, já, com uma internacionalização (frente à África do Sul, 2020) e a O JOGO revelou o desejo de voltar a vestir a camisola são-tomense. Pelo menos, está a fazer por isso em 2022/23.
LÉNIO NEVES
Idade: 22 anos
Clube: Atlético CP
Posição: Médio
Força da Tapadinha começa no meio
Foi em 2016/17 que o Atlético Clube de Portugal desceu aos distritais e precisou de alguns anos para se reerguer. Para sermos mais precisos, foram quatro temporadas fora dos nacionais para um emblema que conta com 24 presenças na I Divisão e que, em 2015/16, estava na II Liga, antes de ser conduzido para um tombo quase até ao fundo do poço. As coisas mudaram, os lisboetas souberam reerguer-se e formaram uma equipa dura de roer na série mais a sul do Campeonato de Portugal. Com 26 pontos em 13 jogos, o conjunto de Tiago Zorro lidera a Série D e ainda só perdeu uma vez. A força do Atlético está a voltar, e no meio-campo há uma muralha chamada Lénio Neves. O médio, de 22 anos e 1,90 metros de altura, fez a formação no Loures, Real SC e Vilafranquense, passou pelo Alverca B até ser descoberto pela turma da Tapadinha. No ano do regresso ao CdP, apontou quatro golos em 32 jogos que contribuíram para o título da I Divisão da Associação de Futebol de Lisboa. Esta temporada, o patamar competitivo subiu mas Lénio não acusou a diferença: fez cinco remates certeiros em 13 partidas, poder de fogo que dá nas vistas mas que também não deixa esquecer a capacidade defensiva do jovem português. Aliás, trata-se quase de um amuleto, pois sempre que Lénio marcou esta temporada, o Atlético... ganhou. Perfila-se, por isso, como uma pedra basilar no ataque a um salto ainda maior, ou seja, a Liga 3.