De Cech a Ospina, Virgínia teve professores de elite: "Enriqueceu as suas qualidades"
Internacional português nas camadas jovens, o guardião que assina esta semana com os leões cresceu durante três épocas no Arsenal e outras três no Everton, com curta passagem pelo Reading
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O Sporting vai reforçar-se com um guarda-redes sem medo. Mesmo em lances que possam parecer arriscados, João Virgínia atira-se à bola sem ponta de receios.
Quem o diz é Rui de Paiva, treinador de guarda-redes que já passou em clubes como Dundee United ou Olhanense. "João Virgínia revela fortes níveis de coragem. É destemido, nomeadamente na saída a punhos no jogo aéreo", afirma Paiva, convidado por O JOGO a analisar o guardião que vai concorrer com Adán na baliza leonina.
Um guarda-redes que tem como particularidade o facto de ter trabalhado com alguns dos melhores do mundo no Arsenal e no Everton, como Cech, Pickford, Ospina, Olsen, Martínez e Steklenburg. "Ao trabalhar com grandes guarda-redes, enriqueceu as suas qualidades no posicionamento e nas saídas. São características que evoluem com a observação dos melhores. Por certo absorveu muito do que viu. E ainda por cima são guarda-redes de escolas muito diferentes umas de outras, cada qual com as suas características próprias", comenta Luís Matos, antigo guarda-redes de FC Porto, Sporting e Boavista, agora adjunto na equipa técnica do treinador Sérgio Vieira.
"É tranquilo, elegante e com boas mãos. Tem bom posicionamento, sabe controlar o espaço nas costas da defesa e é forte no um contra um", defende ainda Matos, comentando depois as qualidades de Virgínia nos centros e nos pontapés de baliza: "Nos cruzamentos é um guardião que habitualmente só sai pelo seguro. Quanto aos pontapés de baliza, bate-os de forma direcionada."
Voltando a Rui de Paiva, o provável reforço leonino tem qualidades na leitura de jogo que lhe permitem estar no sítio certo à hora certa. "É posicional, com bom controlo de profundidade, jogando no espaço em função da defesa. Também me parece excelente no deslocamento para encurtamentos do adversário, mostrando competência para ligar o jogo com os colegas, percebendo e lendo o jogo em função da desvantagem numérica adversária."
De Paiva elogia ainda a "excelente linguagem corporal", apontando a "personalidade mais introvertida" como ponto passível de melhorar.
Everton divide os salários pela metade
João Virgínia ainda não foi oficializado, mas já não foge ao Sporting, que assegura o guardião de 21 anos por empréstimo da parte do Everton, válido por uma temporada. Os toffees ainda têm contrato válido com ele até junho de 2024, ou seja, por mais três épocas, disponibilizando-se para dividir a meias com os leões o salário do futebolista, que neste momento está em isolamento profilático, na sequência da pandemia de covid-19.
Virgínia termina essa obrigação sanitária nos próximos dias, prevendo-se que ainda esta semana se desloque às instalações do Sporting para assinar contrato com o clube leonino.
LIÇÕES DE QUALIDADE
Peter Cech
Quatro vezes eleito melhor guardião do ano pela UEFA (2005, 2007, 2008 e 2012), o checo era o titular do Arsenal quando João Virgínia, ainda na equipa de sub-23 dos gunners, foi convidado por Arséne Wenger a treinar com o plantel principal. "Era um dos grandes mundiais, nomeadamente entre os postes", analisa Luís Matos sobre o internacional checo.
Jordan Pickford
Titular da seleção de Inglaterra no último Europeu, tem sido também o número um do Everton desde que Virgínia chegou aos toffees, em 2018. "É um guarda-redes muito extrovertido. A rapidez de reflexos é outra das suas características. Tem algumas dificuldades a jogar com os pés", aponta Luís de Matos sobre um guarda-redes conhecido pela exuberância.
Maarten Stekelenburg
Era o número dois de Jordan Pickford nas duas primeiras temporadas de João Virgínia no Everton. Não chegou a roubar-lhe o estatuto, mas com ele terá aprendido muito. "Tem grande porte físico e é bom no jogo aéreo", comenta Luís Matos sobre o jogador do Ajax que, aos 38 anos, tem já um total de 63 jogos pela seleção dos Países Baixos.
David Ospina
Grande referência da seleção colombiana nos últimos anos, é conhecido pela agilidade e pelos reflexos ultra rápidos. Era o suplente de Petr Cech no Arsenal durante as duas últimas temporadas nos gunners de João Virgínia, que com eles partilhou o balneário. "Treino com eles durante vários dias semanas", contava Virgínia a O JOGO em abril de 2018.
Emiliano Martínez
Na segunda época de Arsenal, Virgínia, então nos juniores, tinha no plantel principal do Arsenal três dos melhores do mundo. Um plantel de luxo para a baliza que contava com este argentino como número três, ele que recentemente foi titular da seleção das Pampas em quase todos os jogos da Copa América de 2021, troféu ganho pela alviceleste.
Robin Olsen
O dono da baliza da Suécia no último Campeonato da Europa foi emprestado pela Roma ao Everton na época passada, cortando muitas das oportunidades que Virgínia poderia ter tido. Apesar disso, o português jogou os 90" pelos toffees na Taça de Inglaterra frente ao Manchester City, assim como metade de um jogo na Premier League e ainda um outro na Taça da Liga.