José Gomes orientou o novo camisola 9 do Benfica no Almería e projeta-lhe potencial para fazer a diferença sozinho, mas tendo a receção de bola e o posicionamento para melhorar
Corpo do artigo
Darwin foi contratado por 24 M€, blindado com uma cláusula de 150 e foi titular no segundo jogo oficial do Benfica. É aposta forte dos encarnados, mas terá de ser limado por Jorge Jesus, assim comenta a O JOGO José Gomes, que o orientou durante alguns meses no Almería.
"Darwin torna uma não-oportunidade num golo. Não necessita tanto do trabalho coletivo"
"É um ponta de lança jovem, humilde, que tem algumas lacunas nomeadamente na receção. Por erros de posicionamento, ou ansiedade de querer chegar mais rápido, os avançados, às vezes, acabam por falhar. Com o trabalho e com o tempo acabam por perceber as melhores zonas do terreno em função da bola para convidarem os rivais a pressionar. Darwin deve melhorar o posicionamento em relação à bola e a receção da mesma", afirma o técnico português, que considera que os "movimentos corretos de como arrastar os defesas ainda não são constantes."
"Em muitos dos golos que fez nem estava na posição ideal, mas tem facilidade em proteger a bola"
Com 21 anos, Darwin teria sempre coisas para corrigir até porque só chegou à Europa em 2019. O JOGO sabe que a velocidade, a potência de remate e a facilidade em fazer golos agradam a Jorge Jesus, daí ter encostado Carlos Vinícius e Seferovic no segundo jogo oficial. José Gomes corrobora quanto à capacidade de Darwin fazer a diferença sozinho:
"Fartou-se de fazer golos [16 em 32 jogos pelo Almería] e de criar oportunidades. Em muitos dos golos nem estava na posição ideal, mas tem facilidade em proteger a bola com o corpo e tem outras capacidades para vir a ser um super ponta de lança. Não é necessariamente o jogador que recebe a bola e que é o mais importante, mas arrasta e cria espaço e tem mobilidade para pedir o jogo na profundidade. Na nossa liga, as equipas que jogarem subidas terão dificuldades com isso; as que jogarem recuadas terão de saber que ele é muito forte a atacar os cruzamentos."
A correria para oferecer o bis a Waldschmidt não ficou esquecida: "Ele fez golos nos quais recebeu a bola na linha de meio-campo, acelerou e passou por vários rivais. Torna uma não-oportunidade num golo. Não necessita tanto do trabalho coletivo. Tem um poder enorme para chegar a zonas de finalização e potência de remate mesmo depois de 30 metros de corrida."
Assistiu, mas é matador e não um segundo avançado
"Pode aproveitar os rivais subidos, mas não será um segundo avançado, mesmo tendo muita mobilidade. Não procura sempre os colegas. Tem aquele egoísmo bom, pensando no espaço para finalizar", esclarece José Gomes, que vê o dianteiro como um número 9 completo, descartando que se pense que a junção com Waldschmidt repita uma parceria ao jeito Rodrigo-Lima.
O treinador acredita que o uruguaio pode jogar, por exemplo, com Vinícius: "Gosto muito do Vinícius. É perfeitamente possível estarem juntos, depende do que o jogo precise."