"Dário Essugo já jogava nos sub-17 do Sporting sendo sub-15, o que é muito raro"

Trabalhou de perto com Dário Essugo: "Estive 10 anos e meio no Sportin, e o Dário foi um dos jogadores que mais treinei, durante mais tempo e em mais estágios. A primeira vez que o conheci foi quando ele estava na escola de formação do Sporting, no Estádio Universitário de Lisboa (EUL), na Cidade Universitária, onde o Sporting concentra a formação até aos sub-13. Eu estava a treinar a geração de 2004 e ele, sendo de 2005, já treinava connosco, pelo que desde essa idade se destacou pela sua diferença. Depois passei para os sub-15 e o Dário, sendo sub-14, jogou com os sub-15, e nesse ano fomos campeões nacionais. Apesar de ser sub-14, já fazia parte da seleção nacional de sub-15. O Dário foi um dos melhores jogadores de uma geração que tinha grandes talentos como o Mateus Fernandes ou o Youssef Chermiti. Mais tarde, quando fui treinador dos sub-19, ele já estava a jogar nos sub-17 do Sporting sendo sub-15, o que é muito raro. O último jogador a quem aconteceu algo semelhante foi o William Carvalho, nem com o Cristiano Ronaldo aconteceu. Foi uma situação única. "

Como descreve Dário Essugo? "É um rapaz muito humilde, muito simples, vem de uma família muito trabalhadora, portanto os pais são muito humildes, muito simples, mas muito trabalhadores. O Dário foi um dos jogadores mais autênticos que treinei durante 10 anos, porque era muito fácil de treinar. Técnica e taticamente era muito bom, muito acima dos outros a todos os níveis: defensivamente, fisicamente, mas sempre se destacou pela sua personalidade, pelos seus valores, por ser diferente, por isso era muito trabalhador, ouvia muito os treinadores, muito bom companheiro de equipa, por isso é um daqueles tipos de quem é muito fácil gostar. Como jogador e também fora do campo. Muito bom rapaz." 

Passagem por Chaves: "Quando o Dário foi emprestado ao Chaves, falei com ele. Nessa altura, era um passo importante para ele crescer como jogador, para sair da sua zona de conforto. Apesar de se ter estreado na equipa principal do Sporting, depois teve algumas dificuldades em jogar consecutivamente, devido à qualidade que a equipa principal do Sporting tinha na altura. Quando isto acontece, é importante que os jogadores, que ainda estão numa fase de crescimento, passem por estas experiências, que joguem muito, de forma consecutiva e consistente, ganhando confiança, melhorando o seu jogo. A sua chegada ao Chaves em janeiro foi fundamental, porque nessa altura a equipa estava na zona de despromoção, o que torna mais difícil a entrada de um jogador, porque às vezes não joga o seu melhor futebol e está menos confiante. Mas ele entrou muito bem. Falei com ele tanto no início da sua chegada a Chaves como no final da sua passagem por lá e, de facto, esteve muito bem. Rapidamente assumiu a titularidade no meio-campo e foi um dos melhores jogadores do Chaves nessa altura." 

Seguiu-se o Las Palmas: "Depois da passagem pelo Chaves, era importante para ele voltar a ter uma época a jogar, porque nos últimos anos não tinha conseguido ter uma época regular desde o início. Las Palmas foi o destino que escolheu. Está a jogar muito bem na La Liga e penso que será muito benéfico para ele poder jogar todas as semanas seguidas. Ele já passou por dificuldades, até foi expulso, por isso todo este tipo de situações é muito bom para o seu desenvolvimento. Foi muito positivo para ele. Apesar de não terem começado bem, depois mudaram de treinador e a equipa começou a ter um melhor desempenho, e automaticamente ele também se tornou ainda mais importante. "

Vai reforçar o Chelsea: "Não conheço o projeto que lhe foi apresentado. Penso que, naturalmente, o Chelsea comprou-o e pagou o que pagou por ele porque confia nele. E se confiam nele, penso que o Dário, no seu primeiro ano de sénior, tem um grande caminho pela frente. Por isso, penso que o mais importante é que a compra do Chelsea transmite confiança e potencial. Agora, o que acontece a partir daqui? Depende, depende da sua capacidade técnica e mental, de ser resiliente, de ultrapassar a pressão, de se adaptar aos contextos, porque é uma nova realidade. É um clube da Premier League, com uma competitividade diferente, com outros tipos de jogadores no plantel, onde ele tem de saber atuar no meio de todas essas personalidades. Agora, acho que ele tem condições para ter sucesso na Premier League, no Chelsea, e espero que tenha sucesso. Ele merece-o. Porque trabalhou muito para lá chegar. Vai continuar a treinar da melhor forma, a jogar da melhor forma e a dar o seu melhor. Primeiro no Las Palmas, com os seus objetivos, tanto individuais como coletivos, e chegará ao Chelsea o mais forte possível."

Seleção A de Portugal: "Naturalmente, a equipa A é sempre o passo mais difícil. Esta mudança do Las Palmas para o Chelsea, e se ele tiver um bom desempenho individual lá, naturalmente, se conseguir ganhar o seu lugar, a probabilidade de ser chamado à Seleção nacional é muito grande, obviamente. Ainda assim, tem dois anos de sub-21 pela frente, pelo que ainda tem um longo caminho a percorrer para amadurecer a um nível abaixo da equipa A, mas a curto/médio prazo, será um jogador de equipa A, sem dúvida. No imediato, ainda tenho algumas dúvidas, porque ele terá de mostrar bons desempenhos no Chelsea, mas a médio prazo, quando chegar a altura, será um jogador de equipa A, a 100%."