Com um fulgurante ano de estreia como treinador principal, também na sua "cadeira de sonho", saiu da sombra do ex-chefe de equipa e demonstra um arranque semelhante. Nuno Coelho foi treinado por Villas-Boas na Académica, em 2009/10, tendo essa equipa técnica, então como observador, Daniel Sousa. A O JOGO, ressalva a tranquilidade do agora técnico gilista.
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Daniel Sousa assumiu o comando técnico do clube da sua terra em novembro do ano passado, depois das saídas de Ivo Vieira e Carlos Cunha. Pegou numa equipa eliminada da Taça de Portugal e em zona de descida na Liga Bwin, então no 16.º lugar, com nove pontos. Dez jogos depois, trepou na classificação, já soma 29 pontos, os mesmos que o Vizela, com quem partilha o 10.º lugar. Números que impressionam, até porque, recorde-se, esta é a estreia como técnico principal, aos 38 anos, depois de uma década como observador e adjunto das equipas de André Villas-Boas.
Nuno Coelho fez parte do plantel da Académica onde, em 2009/2010, o campeão nacional e vencedor da Liga Europa pelo FC Porto se estreou, assinalando várias semelhanças nos arranques de carreira de ambos. "Do que vejo, o Daniel tem uma postura muito tranquila e discreta, tal tinha como na altura, porque nunca houve contacto direto como ele. Já havia uma grande qualidade no trabalho dos vídeos de análise aos adversários e aos nossos jogos, e até achávamos que era trabalho do André Villas-Boas, porque era isso que ele fazia para o Mourinho. Mas não. Depois, viemos a saber tratar-se de alguém que ele tinha contratado, o Daniel. O que acaba por ser um curioso, porque, lá está, era o que o André fazia para o Mourinho."
O ex-jogador (terminou a carreira no ano passado, em Chaves) aponta mais semelhanças. "Está a ter um percurso praticamente igual ao do André. Fez um grande trabalho com ele, como observador, e agora também está a ter um início de carreira fulgurante. Neste momento, destaco a qualidade de jogo do Gil. Não é fácil chegar-se a uma equipa que estava com poucos pontos, e fazê-la sair da posição com muita qualidade de jogo. Foi, aliás, exatamente aquilo que o André [Villas-Boas] fez connosco em Coimbra. Estávamos numa fase má, tivemos que trocar de treinador e em pouco tempo ele conseguiu impor qualidade de jogo e, mais importante, vitórias", recorda.
Quanto à possibilidade de o futuro de Daniel replicar o do "mestre", Nuno Coelho acha que há "potencial" para isso, porque "a qualidade está lá." Acrescenta ainda que o Gil Vicente é "clube certo" para crescer. "Estável, cumpridor, oferece excelentes condições, tem um bom estádio e uma boa massa adepta", remata.