Assistiu ao primeiro jogo ao vivo com quatro anos na inauguração do... Dragão. O amor ficou, passou da bancada para trás da baliza e anteontem estreou-se para um momento que, garante, nunca esquecerá
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O golo de Kelvin, ao minuto 90+2" da 29.ª jornada de 2012/13, tem mais de 1,5 milhões de visualizações no YouTube, mas dificilmente alguém repara no menino que está atrás da baliza de Artur Moraes e explode de alegria quando percebe que o FC Porto vai, ao sprint, ganhar ao Benfica e colocar-se em excelente posição para ser campeão. O apanha-bolas do FC Porto era, nem mais nem menos, do que Diogo Dalot, que anteontem se voltou a arrepiar no Dragão, mas porque o pisou pela primeira vez na qualidade de jogador da equipa principal. E logo numa época que tanto promete e que pode devolver os dragões ao título, cinco anos depois do último, celebrado no momento que Kelvin eternizou e que o lateral-direito assistiu de perto. Dalot saltou, atirou uma bola para o ar e desatou a correr. Não tanto como fez Vítor Pereira nesse dia, mas o suficiente para perceber que queria, um dia, viver as emoções do lado de quem joga. O FC Porto-Rio Ave (5-0) foi o dia.
No último título do FC Porto, o lateral foi o apanha-bolas que esteve atrás da baliza de Artur Moraes quando, aos 90+2", o brasileiro marcou ao Benfica. Agora passou para o lado de dentro
No final do jogo, o lateral comentou de forma sintética todas as emoções. "Grande vitória da equipa. Um dia que nunca irei esquecer, o dia com que sempre sonhei. Que ambiente tem a nossa casa. Obrigado a todos pelo carinho", agradeceu. Na verdade, a estreia pela equipa principal aconteceu há uns meses, no Restelo, contra o Lusitano de Évora. Na altura, O JOGO falou com o pai do jogador, António Teixeira, que confidenciou que mais do que a estreia, Dalot sonhava era em pisar o relvado do Dragão. O estádio portista está intimamente relacionado com a própria história do jogador e a devoção ao clube. Sabia, por exemplo, que a inauguração, em 16 de novembro de 2003, foi o primeiro jogo do FC Porto a que Dalot assistiu ao vivo? E na altura com apenas quatro anos, pela mão do pai, também ele um indefetível portista. O FC Porto venceu por 2-0 o Barcelona e o resultado só intensificou uma paixão que ganhou contornos bem mais sólidos cinco anos depois, quando chegou às escolinhas do clube.
Aos 18 anos entra num grupo de elite
A estreia, com 18 anos, foi assinalada com uma tremenda salva de palmas por mais de 40 mil espectadores, pouco habituados a verem um produto da formação ser chamado à equipa principal ainda tão novo. No século XXI, foi o sexto com 18 anos ou menos a ser chamado. O primeiro foi Paulo Machado, depois Bruno Gama, a seguir Hélder Barbosa, Rúben Neves e Rui Pedro. Só Rúben foi uma aposta prolongada e consistente. Mas Dalot tem tudo para ser uma aposta mais consistente, até pela projeção que há muito conseguiu e pelas propostas que vão chegando à SAD, pouco disposta a abrir mão do talento e até com a convicção de que vai conseguir renovar com ele ainda esta temporada. A título de curiosidade, nos últimos oito meses Dalot já jogou na I Liga, Taça de Portugal, II Liga, Premier League International Cup, Youth League e ainda no apuramento para o Europeu de sub-21, ao serviço da Seleção.
Um golo para sempre
O remate de Kelvin ficou na história do FC Porto e tem até direito a um espaço no Museu. Para Dalot, que estava atrás da baliza, foi o melhor momento que viveu na qualidade de apanha-bolas do clube do coração.