Cubillas e a viagem sem autorização do FC Porto: "Mas havia o problema, o que dizer à imprensa?"

Cubillas e um treinador inesquecível: "Nem sempre o jogador com mais hierarquia tem de ensinar os outros. Eu aprendi sempre com todos os meus companheiros, mesmo com os miúdos. Aprendi muito com o António Oliveira. Se tivesse de voltar a nascer, escolheria sempre a ser futebolista e dava tudo para voltar a ter os mesmos companheiros. Um treinador que não esquecerei, Branko Stankovic, que me deu uma condição física que não tinha antes"

Viagem sem autorização: "Em 1975 queria ir jogar a Copa América, na Venezuela. O treinador do FC Porto disse-me que se a equipa ganhasse tinha autorização, se perdesse, para esquecer. Por azar, a equipa perdeu nesse domingo, em Faro. Nessa noite estava desesperado. O voo saía de Lisboa e eu estava no Porto".

O amigo que ajudou: "O meu amigo Mário Vieira levou-me ao aeroporto e viajei sem autorização. Nunca em toda a minha vida tinha cometido um ato de indisciplina - em 21 anos como profissional vi apenas um amarelo e foi em Portugal, num campo cheio de montes em que a bola ressaltou e subiu-me à mão -, chego no dia seguinte e os dirigentes do Peru dão-me a notícia que não podia jogar a final porque não tinha a autorização do FC Porto e que tinha de ir para bancada. Pedi por favor aos dirigentes, implorei, e no final aceitaram que podia jogar. Mas que quando voltasse haveria consequências. Disse que não importava porque queria esta a final e ganhámos."

O regresso: "Quando regressei, a Imprensa estava toda à espera a querer saber a sanção. No escritório, primeiro deram-me os parabéns pelo campeonato ganho pelo Peru e disseram que não haveria qualquer sanção. Mas havia o problema do que iriam dizer à Imprensa... Foi um gesto nobre que conto porque não me multaram nem sancionaram. Grande lástima foi nunca ter ganho um campeonato pelo FC Porto, mas continuo a acompanhar. Quando ganhou a Champions e outros campeonatos, festejei."

Encontro com Mourinho: "Tive outra história com Mourinho. No ano passado, no Mundial feminino em França vi-o uma conferência. Queria tirar uma fotografia com ele e aproximei-me. Disse quem era e ele é disse-me que era ele que queria tirar uma foto comigo. Fiquei a saber a classe de pessoa que é Mourinho"