Cristiano Bacci gostou das experiências que viveu nos bancos de Boavista e Moreirense, neste regresso a Portugal, depois de, entre 2014 e 2016, ter orientado o Olhanense, então na II Liga
Corpo do artigo
Apesar de ter conseguido cumprir o objetivo traçado, Cristiano Bacci não renovou pelo Moreirense. O italiano entende que a saída resulta da entrada de um novo investidor, e aceita-a com naturalidade. Antes, teve passagem pelo Bessa, onde foi sujeito a uma prova de obstáculos quase diária. O plantel “era curto”, lamenta, sem ter tido a hipótese de receber reforços. Mesmo assim, sublinhou os aspetos positivos da experiência e diz que o Boavista, “um histórico”, merece regressar à I Liga.
Atingiu os objetivos, mas não renovou o contrato. Consegue encontrar uma explicação? "O Moreirense está em processo de reestruturação e vai ter um novo projeto. É um clube que vai ser adquirido por um grupo, que terá as suas escolhas. É natural que queiram trazer pessoas da sua confiança."
Chegou e mudou a tendência em termos de resultados, mas, posteriormente, a equipa passou por uma fase menos boa… "O início foi muito bom, cinco jogos sem derrotas. A quebra posterior explica-se por alguma quebra de motivação, o que acaba por ser normal. Tivemos também problemas com alguns jogadores que sofreram lesões. No final, acabámos bem, com uma boa vitória, a maior da época. Merecíamos ter somado mais pontos, mas empatámos dois ou três jogos
que devíamos ter ganho. O futebol é isso. Foi uma experiência muito positiva e estou agradecido pela oportunidade."
Foi contratado pelo Moreirense pouco depois de ter deixado o Boavista. Foi uma transição fácil? "Correu bem. Dei continuidade ao trabalho que estava a
fazer em Portugal, no Boavista. Alcançámos muito rapidamente a permanência na I Liga. Quando chegámos, a equipa estava perto da linha de água. Em pouco tempo fizemos os 35 pontos e garantimos a permanência. O objetivo foi atingido mais cedo do que o previsto, e isso é sintomático do bom trabalho realizado."
Recuemos ao Bessa. Eram conhecidas as dificuldades do Boavista, nomeadamente a impossibilidade de fazer novas inscrições. O que o levou a aceitar o convite? "Quando assinei pelo Boavista, sabia dos problemas que existiam. Foi-me prometido que iam ser resolvidos os problemas do dia a dia, e assim foi. Os vencimentos eram pagos atempadamente. Tínhamos instalações de treino. Mas o plantel era curto e isso acabou por não ajudar a cumprir a nossa missão. O desbloqueio dos ‘transfer ban’ e o reforço do plantel foram algumas das coisas não cumpridas."
O que registou de mais significativo nesta experiência? "Foi muito positiva. Cresci muito na forma como lidei com vários desafios e adversidades diárias. Consegui ajudar jogadores que nunca tinham jogado na I Liga e não tinham
experiência a nível profissional, e levo isso como uma vitória. Foi um desafio muito importante, a nível pessoal, para entender que podia alcançar grandes objetivos no futebol português."
Como vê, agora mais à distância, a descida do Boavista à II Liga? "É um emblema histórico. Merece voltar à I Liga. Mas o futebol é assim. Não tenho dúvida nenhuma de que o Boavista e os boavisteiros vão tentar e conseguir chegar onde merecem, que é estar na elite do futebol português."
Considera que a despromoção era expectável? "Não era tão previsível assim… Tanto assim é que o Boavista lutou até final por um lugar no play-off."
Com que jogadores gostou mais de trabalhar nos dois clubes? Ficou surpreendido com a qualidade de algum? "Todos têm o seu talento, mas não vou falar de atletas em termos individuais."