Couceiro explica alterações ao Campeonato de Portugal com "formato mais regional"
Diretor técnico da Federação Portuguesa de Futebol explicou os motivos que levaram a FPF a remodelar os quadros competitivos.
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O diretor técnico da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), José Couceiro, justificou as alterações efetuadas ao Campeonato de Portugal com a necessidade de adotar "um formato mais regional e adequado à realidade do futebol nacional e do país".
"Em 2021/22, teremos uma competição que se adequará aos clubes que estarão mais apetrechados para aspirar a participar numa prova profissional e outros, que são a grande maioria, que assumem o seu amadorismo e devem competir num contexto onde se acentua uma grande rivalidade regional", disse à Lusa José Couceiro.
A FPF vai criar na temporada de 2021/22 a III Liga, um novo terceiro escalão. Vai ser disputada por 24 clubes em 2021/22 e 2022/23, sendo reduzida a 20 em 2023/24. O Campeonato de Portugal vai contar com 60 em 2021/22 e 56 em 2022/23 e 2023/24.
Ao Campeonato de Portugal vão subir, já para a próxima época de 2020/21, os campeões distritais e vai contar com 96 equipas, mais 24 do que em 2019/20. Os 96 clubes vão ser organizados em oito séries de 12 equipas, nas quais os campeões vão apurar-se para o acesso à II Liga, os quatro seguintes (do segundo ao quinto) para o acesso à III Liga e os últimos quatro (do nono ao 12.º) são despromovidos aos distritais.
As duas vagas para o segundo escalão vão ser disputadas em duas séries de quatro equipas, subindo o vencedor de cada uma delas. Já o acesso à III Liga prevê oito séries de quatro clubes, colocando os dois primeiros na nova competição.
Este "alargamento" no Campeonato de Portugal resulta da despromoção de duas equipas da II Liga, nomeadamente Cova da Piedade e Casa Pia, dos 70 emblemas que se mantiveram, uma vez que não houve descidas aos distritais, dos 20 promovidos das competições regionais e de quatro novas equipas B.
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"O CdP tem de ser também um espaço de valorização do jogador português, nomeadamente dos mais jovens. Sabemos que uma etapa decisiva para o crescimento e de afirmação do jovem jogador é a transição dos sub-19 para o escalão sénior", refere o diretor da FPF. De acordo com José Couceiro, a Liga Revelação procura criar um espaço para que esse processo de valorização do jovem jogador português "siga uma linha evolutiva" e a restruturação do Campeonato de Portugal insere-se na mesma prática.
"O CdP cria mais oportunidades aos jovens jogadores, seja através do incentivo à entrada de quatro novas equipas B, mas também por via das alterações no estatuto dos atletas formados localmente, que passam a ir até aos 19 anos, e da obrigatoriedade de estarem inscritos na ficha de cada jogo 13 jogadores que respeitem aquela condição", afirma.
O dirigente considerou ainda que "os efeitos da pandemia nos calendários ainda são imprevisíveis", mas garantiu que o Campeonato de Portugal "irá começar mais tarde do que é habitual". "Face a todas as incertezas e à possibilidade de surgir uma segunda vaga da covid-19, há a necessidade de ter uma competição com menos jornadas. O bom senso aconselha a que sejamos prudentes", defendeu.
José Couceiro abordou ainda as alterações à Liga feminina, que "registou nos últimos anos um crescimento assinalável do número de atletas e de competitividade a nível internacional". O campeonato feminino de futebol terá mais oito equipas na próxima época, de 2020/21, passando de 12 para 20 clubes.
A medida, que será, posteriormente, parcialmente revertida, visa a médio prazo apoiar os clubes, que podem ser especialmente afetados, numa fase em que ainda se desenvolvem, pelos efeitos colaterais à pandemia da covid-19. "A situação de emergência que o país atravessou e atravessa atinge particularmente um segmento que apesar dessa evolução tem ainda enormes fragilidades. Iremos limitar orçamentos como fator de correção e equilíbrio", disse José Couceiro.
O diretor técnico nacional da FPF considerou ainda fundamental "que não se percam jogadoras para as seleções nacionais, AA e jovens", pois "Portugal não pode dar-se a esse luxo".