Utilizado pela primeira vez de início na defesa, o mexicano já leva quase 200 minutos na posição e com números de elite, a atacar ou defender.
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Começou por ser uma necessidade que o resultado potenciou, passou a ser experiência regular e, contra o Belenenses, Sérgio Conceição confirmou que Corona é, nesta altura, alternativa clara a Maxi Pereira na direita, ainda que o mexicano irá ser extremo com o uruguaio em campo. Imaginar Tecatito como defesa era um exercício surreal. Mas a prática desmente o impossível e dá razão a Sérgio Conceição em toda a linha: o mexicano tem números de topo mundial, ao nível ou até acima do que fazem os laterais-direitos dos clubes mais importantes da Europa. São 184 minutos, apenas 25 deles contra um adversário de segundo escalão (Varzim) e várias ações decisivas que lhe apontam um futuro risonho na nova posição. Ou, pelo menos, antecipam a possibilidade de a adaptação se repetir. Para descanso de Conceição, Corona até já sabe defender e está dentro dos parâmetros médios de um lateral de topo europeu. Mas é no domínio ofensivo que o mexicano se destaca. E de que maneira! As infografias acima são claras nessa matéria. E não tivemos que excluir itens em que o jogador estivesse na cauda da tabela. Entre tantos cujo ranking parcial o inclui num dos cinco primeiros lugares, só deixamos de fora aqueles que são menos importantes numa equipa grande.
Para efeitos de pesquisa incluímos os laterais-direitos de Barcelona, Real Madrid, Juventus, Nápoles, Roma, PSG, Bayern Munique, Dortmund, Manchester City, Arsenal, Liverpool, Chelsea e Tottenham. A análise simples dos números confirma João Cancelo numa forma extraordinária e abre pistas a uma adaptação de sucesso do portista, ao nível do que tantos outros bons extremos vivenciaram. Conceição chegou a ser promessa de um deles, nos tempos de jogador. Mas a transferência para Itália devolveu-o à posição mais natural.
Na estatística de 184 minutos como lateral (os números dizem respeito apenas a esses e não ao minutos somados como extremo), Tecatito destaca-se essencialmente nos capítulos do drible e do cruzamento. Mas também o lateral que mais vezes aparece a jogar na área adversária e aquele que mais assistências faz: praticamente uma por jogo. Os laterais que se seguem precisam de três desafios para oferecer um golo, que na prática também refletem um menor número de passes para remate. Driblador por natureza, o portista é um dos laterais que perdem mais bolas. Mas nesta inevitabilidade nasce uma virtude que é exigida por Conceição: a recuperação, na qual só o benfiquista André Almeida é melhor nesta Europa dos grandes.
Nos duelos (ofensivos e defensivos), outro registo muito importante na ótica do treinador, Corona também encontrou o equilíbrio. Defensivamente está dois por cento abaixo da média, mas ofensivamente fica bem acima. No balanço global, é quem mais força jogadas de 1x1. E só Cancelo é mais eficaz. Como cartão de visita, não está nada mau. Conceição lá saberá se a adaptação tem pernas para continuar a andar. Os números dão-lhe razão.