Tecatito foi lateral-direito, extremo (nos dois flancos) e "muleta" dos avançados, fazendo golos em duas destas funções. Já leva 18 ações decisivas em 2019/20 e está só a duas de igualar o recorde pessoal
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À direita ou à esquerda, por dentro ou por fora, na defesa ou no ataque, Corona tem assentado como uma luva em qualquer transformação tática de Sérgio Conceição e os sinais que vai dando nesta pós-quarentena revelam um jogador mais mortífero. Em apenas dois jogos desde o recomeço do campeonato, o internacional mexicano desempenhou quatro funções diferentes (lateral-direito, ala-direito, ala-esquerdo e médio-ofensivo) sem perder objetividade e acabando por fazer tantos golos neste ciclo como em todo o período que antecedeu a paragem. Com isso, chegou às 18 ações decisivas esta temporada (quatro golos e 14 assistências) e está somente a duas de igualar um máximo de carreira, fixado em 2018/19
71,9%: taxa de sucesso de Corona nas ações nos dois jogos pós-quarentena. Antes era de 62,6%
A dança de cadeiras de Corona foi sendo habitual ao longo dos primeiros dois terços da época, mas a capacidade do jogador de 27 anos para mudar o chip tão rapidamente ficou mais vincada do que nunca nestas duas jornadas. Com o Famalicão, o mexicano foi "exclusivamente" lateral-direito, já que a outra opção para o desempenho desse papel (Manafá) teve de suprir a ausência de Alex Telles na esquerda. Com o Marítimo, e face ao castigo de Otávio, Tecatito avançou no terreno, atuando toda a primeira parte como ala-direito. As mudanças, porém, começaram logo após o intervalo. Inicialmente posicionou-se numa zona do terreno mais interior, mais próxima dos dois médios e de Zé Luís, mas a saída de Luís Díaz encostou-o ao flanco esquerdo. Pouco depois, Alex foi expulso, Conceição reformulou o setor defensivo e Corona cruzou o terreno para fechar à direita. No meio de tudo isto, fez um golo como lateral-direito (Famalicão) e outro como ala-direito (Marítimo). Os outros dois que já tinha, refira-se, foram obtidos como ala-direito (Moreirense) e no apoio ao ponta de lança (V. Setúbal).
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Subida de rendimento e "Tata" entusiasmado
Os golos marcados mostram, só por si, uma evolução no capítulo da finalização neste período, mas há outras áreas que sustentam a melhoria de rendimento de Corona. O extremo - é essa a sua posição de origem - esteve mais participativo no jogo (mais cinco ações), perdeu menos bolas (baixou dos 11 para os 9,5), recuperou mais (6,2 contra 7) e ganhou mais duelos (saltou dos 47 por cento para os 60 por cento)... Nem as pequenas reduções ao nível do drible (6,8 para 6,5) ou do cruzamento (3,9 para 2) evitaram que a eficácia no cômputo geral das ações subisse dos 62%, antes da paragem, para os 71 nestes dois jogos.
38,4%: o drible foi um dos poucos capítulos em que Tecatito baixou no pós-pandemia. Até então, a eficácia era de 49,4%
Os motivos, como se percebe, são suficientemente fortes para Conceição não abdicar por um segundo que seja de Corona, que vai ganhando admiradores lá fora. A cobiça de clubes mais endinheirados, como o Inter ou o Sevilha, entre outros, já foi notícia e um deles até mereceu destaque em O JOGO, com declarações do empresário (Matías Bunge) a suportá-la. Mas não termina aqui. O portal "TUDN", do México, escrevia ontem que o selecionador "Tata" Martino também está entusiasmado com as múltiplas facetas do portista e que até estaria a ponderar uma mudança de esquema na seleção "azteca", oferecendo-lhe a possibilidade de fazer todo o flanco. No fundo, não é nada que Tecatito já não faça nos dragões quando joga a partir da defesa, até pelo domínio que estes exercem sobre os adversários. Mas se até aqui era através de assistências que o 17 tinha impacto nos jogos, agora marca a diferença pelos golos.
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