Sérgio Conceição tem um núcleo duro mais curto. Carlos Carvalhal garantiu uma amplitude menor entre primeiras e segundas opções. Num duelo em que se fala de intensidade, eis o raio-X aos maratonistas.
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Carlos Carvalhal queria ter os mesmos quatro dias de intervalo entre o último jogo de campeonato e esta segunda mão da meia-final de Taça de Portugal, Sérgio Conceição respondeu que igualdade era a primeira não ter sido jogada com o FC Porto em inferioridade numérica.
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O pré-jogo trouxe dois assuntos recorrentes à tona, mas é o primeiro que mais tem marcado a agenda de dragões, arsenalistas e até do Benfica, no fundo, os três rivais do Sporting na luta pelo título, o único que beneficia de uma agenda limpa e de jogos de sete em sete dias. Entre Braga e FC Porto, há um jogo apenas de diferença neste momento (37 contra 36), porque os minhotos já despacharam a Europa e os azuis e brancos ainda têm, pelo menos, a segunda meia-final da Liga dos Campeões para disputar (na próxima terça-feira, em Turim, Itália). Com mais um jogo, o Braga é, no entanto, uma equipa mais fresca. Confuso? Vamos explicar. A chave é a gestão de Carlos Carvalhal.
Muito se tem falado também de rotação do plantel e o Braga chega a esta fase mais "prevenido" do que o FC Porto, e com um núcleo duro mais largo e próximo entre si no que diz respeito aos minutos de utilização. Esgaio é o único jogador de Portugal com mais de 3 mil minutos de utilização, mas o FC Porto tem oito jogadores no Top 20 (Mbemba, Corona, Sérgio Oliveira, Manafá, Uribe, Marchesín, Marega e Zaidu). Os arsenalistas "só" mais três: Matheus, Galeno e Ricardo Horta. E isto essencialmente porque o treinador tem feito uma rotação mais larga do que Sérgio Conceição ao longo da época e definiu um núcleo duro superior. Se fizemos as contas ao tempo de jogo do onze-tipo de cada uma das equipas, o Braga está mais leve 3061 minutos, 278 por jogador, em média. Resumindo, se a leitura pudesse ser linear, cada titular somou menos três jogos completos do que os colegas do FC Porto.
Luis Díaz: longe do onze, muito acima dos demais
Na tabela de utilização dos campeões nacionais notam-se claramente três degraus: o onze-tipo de Conceição, o 12.º jogador (Luis Díaz), com menos 231 minutos do que Taremi (o mais fresco dos titulares) e os que se seguem. Sarr, o 13.º mais utilizado pelo treinador, jogou menos 475 minutos do que Díaz. No Braga, a amplitude é muito inferior. Do 11.º mais utilizado (que continua a ser Paulinho, entretanto transferido) para o 12.º (Castro) praticamente não há diferenças e o 13.º (Iuri Medeiros, que se lesionou) fica a menos de 300 minutos. A partida de Paulinho e Bruno Viana, as lesões de Iuri, David Carmo e Francisco Moura ajudaram o treinador a ter de reforçar o grupo principal para fazer face à agenda cheia. Os reforços de inverno (Piazon, Sporar, Borja e Caju) também já contam - e de que maneira, no caso dos três primeiros. Como bónus levaram para o Minho uma ficha de utilização bem mais leve em comparação com as dos que ficaram indisponíveis. Ao contrário de Francisco Conceição, a única cara nova de janeiro no Olival, que tem 1434 minutos de jogo, mais do que a maioria do plantel principal.
Apesar de um jogo extra, Carvalhal rodou mais durante a época e o onze tipo tem quase menos 300 minutos por jogador...
Mais jogadores utilizados e 16 contra 14 titulares
No resto dos dados que a recolha de jogos, titularidades e minutos permite isolar, há outros pormenores curiosos. Carvalhal já utilizou 31 jogadores, sendo que 29 estão no plantel neste momento. Conceição utilizou 30 efetivos, mas quatro já saíram: Zé Luís, Danilo e Alex Telles, numa fase muito precoce, Nakajima, em janeiro. O número de titulares é absolutamente igual: 28. Mas o Braga tem 16 ativos com pelo menos 10 utilizações no onze, o FC Porto conta 14. Do 11.º jogador arsenalista ao 22.º (uma espécie de baliza de segunda equipa) vão 1322 minutos de diferença. A amplitude cresce para 1596 no FC Porto.
Três rivais nas 15 equipas que mais jogam na Europa
A título de curiosidade, e já fora destas contas, a densidade competitiva em Portugal é relevante, algo que se prova pelo enquadramento das equipas junto dos pares europeus. Só Tottenham (42), Granada e Manchester United (41), Manchester City e Arsenal (40) têm mais jogos do que o Benfica (38). No mesmo patamar há mais seis equipas. Seguem-se Braga e AC Milan (37) e FC Porto (36).