O JOGO conta-lhe como foi a recuperação que permitiu ao criativo - e também a Pepê - ser titular frente ao Aves SAD, contra o qual abriu o marcador
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Rodrigo Mora foi a surpresa maior do FC Porto na receção ao Aves SAD. Um ás de trunfo que Martín Anselmi tirou da manga, fruto do trabalho do departamento de saúde dos dragões, mas também do compromisso e profissionalismo do jovem de 17 anos. Afinal, o criativo estava a debelar uma microrrotura muscular na coxa esquerda, sofrida no aquecimento do encontro com o Arouca, no arranque de março. Os exames que fez no dia seguinte não eram animadores e apontava-se para uma paragem de cerca de um mês. Ou seja, para um regresso à competição após a paragem para seleções. E até Roberto Martinez (ver caixa) terá ficado surpreendido com a presença de Mora no onze com o Aves SAD, tendo sido o marcador do golo que desbloqueou a partida e permitiu ao FC Porto ganhar pela primeira vez em casa em 2025.
Trabalho bidiário, compromisso e profissionalismo do jovem de 17 anos foram fulcrais num processo que não queimou etapas, tal como o de Pepê. Ressonância magnética na sexta-feira foi decisiva.
“Senti-me a 100 por cento, agradeço o apoio do staff médico. Fui progredindo e, depois, o míster deu-me confiança. Conseguiram colocar-me a jogar o mais rápido possível”, contou no final do encontro, como justificação para o abraço que fez questão de ir dar ao banco nos festejos do golo marcado no regresso que chegou duas semanas mais cedo do que o previsto. Mas sem que tenham sido queimadas etapas ou corrido qualquer risco.
Na verdade, sabe O JOGO, a recuperação começou no momento em que Mora sentiu um desconforto na coxa esquerda, ainda em Arouca. O criativo podia ter arriscado e ido a jogo, sabendo que isso poderia aumentar o tamanho da rotura. Foi protegido, reavaliado e logo no dia seguinte iniciou um programa bidiário de tratamentos. Um trabalho conjunto dos departamentos médico, de recuperação e de performance e, claro, do próprio jogador, que cedo começou a dar resultados. Ao fim de uma semana, Mora passou para o ginásio. Depois, foi sendo integrado nos trabalhos no relvado, onde foi testado quase diariamente, sem que tenham sido saltadas etapas. A microrrotura deu sinais de ter cicatrizado, permitindo a Mora ir aumentado as cargas de treino.
15 dias - Foi o tempo que passou entre a lesão sofrida no aquecimento do jogo em Arouca e o regresso à competição de Mora, na receção ao Aves SAD, em que fez o primeiro golo da partida. O quarto da temporada
Porém, para ter a certeza de que o regresso não seria prematuro, colocando em risco todo o processo, Mora realizou uma ressonância magnética na sexta-feira, cujos resultados deram luz verde para que integrasse a convocatória para o Aves SAD. No sábado, horas antes do encontro, o internacional jovem português efetuou um derradeiro teste à sua capacidade física e foi nessa altura que Martín Anselmi, depois do “OK” dado pelos médicos e pelo próprio jogador, decidiu que lhe entregaria a titularidade. O resto é a história que se sabe: entrou, marcou, assinou uma bela exibição e saiu aos 65’, logo a seguir ao 2-0 que deu tranquilidade à equipa.
O processo utilizado pelo criativo, diga-se, foi em tudo semelhante ao de Pepê, também a contas com um problema parecido, mas na coxa direita. O brasileiro lesionou-se contra o V. Guimarães, na jornada anterior a Arouca, e precisou de um pouco mais de tempo - neste caso 19 dias - para recuperar, porque o músculo rasgou mais uns milímetros em relação a Mora. Ainda assim, também o ala voltou mais cedo do que o previsto.
Estava nos planos de Roberto Martínez
Todo o processo de recuperação de Rodrigo Mora foi conduzido no segredo do Olival, sem que fosse dada qualquer pista para o exterior. O boletim clínico de sexta-feira, por exemplo, referia que o jogador fez apenas tratamento e trabalho de ginásio. Por isso, o regresso com o Aves SAD até terá surpreendido o selecionador nacional, Roberto Martínez.
“É invulgar encontrarmos jogadores tão jovens, e estamos a falar de sub-18, em destaque na nossa liga. O Quenda, o João Simões, o Rodrigo Mora... Gostaria de utilizar esses jogadores. É uma pena que o Simões e o Mora estejam lesionados. Mas faz parte da formação no futebol português”, lamentou o técnico espanhol precisamente na sexta-feira, quando deu a conhecer os eleitos para o duplo compromisso com a Dinamarca, da Liga das Nações.
Ou seja, Mora terá perdido aqui uma primeira oportunidade para se estrear na principal seleção das Quinas, mas também ficou com a certeza de que o selecionador está atento à sua evolução.