Como levar os campeonatos até ao fim? Mês frenético é solução para acertar contas
Os jogadores que terminarem os contratos esta época não podem representar os clubes a partir de 1 de julho, pelo que todas as ligas estão numa corrida contra o tempo. Europa vai estudando alternativas
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Com a Europa no epicentro da pandemia de Covid-19 e a suspensão de praticamente todas as competições, impõe-se a projeção de cenários que respondam a uma pergunta incontornável: como levar os campeonatos até ao fim?
O português poderá não ter a resposta mais difícil, mas há um prazo estabelecido para todos: 30 de junho. Mais do que simbolizar o fim da temporada, significa o último dia de vigência dos contratos de muitos jogadores. Se o vínculo expirar aí, não podem continuar a representar os respetivos clubes.
Se o Euro for adiado e se jogar de três em três dias, a bola pode voltar a rolar até 27 de maio, sem falhar a data limite: 30 de junho
Assim, e sempre partindo da hipótese de que o Europeu de 2020 vai ser adiado (ver caixa), o recomeço da I e a II ligas portuguesas poderia ser, o mais tardar, a 27 de maio. Praticamente no final do mês para o qual é apontado o pico de contágios de Covid-19 em Portugal, quando a situação poderá começar a estabilizar. Por outro lado, neste cenário, e para completar as dez jornadas que restam no calendário, as equipas teriam sempre de competir de três em três dias - o mínimo intervalo recomendado.
A última jornada, conforme mostra o quadro em cima, seria então a 23 de junho e deixaria FC Porto e Benfica com quatro dias para se preparem para a final da Taça de Portugal, que o Jamor receberia a 28 de junho, um mês depois do início deste contrarrelógio. Em resumo, há uma margem de dois meses e meio para ganhar terreno ao vírus e desacelerar a sua propagação, de forma a que seja possível terminar a época.
Este cenário de jogar de três em três dias até 30 de junho também já foi admitido por Didier Quillot, presidente da liga francesa, prova interrompida a dez rondas do fim e onde a maioria das equipas continua a treinar (caso do Marselha, cujo treinador, André Villas-Boas, disse há três dias que o desporto devia "suspender tudo"). O dirigente remeteu para a reunião de terça-feira da UEFA, que determinará, entre outras coisas, como e se Liga dos Campeões e Liga Europa serão retomadas, num fator preponderante para o acerto dos calendários... menos para o português.
Por outro lado, em Espanha, com 11 rondas em suspenso, já se estudam quatro cenários e a decisão será tomada a 25 de março, segundo a Imprensa local: disputar as 11 jornadas em falta; anular a temporada; homologar as tabelas atuais; homologar as classificações após o final da primeira volta.
Mais difícil parece a situação em Inglaterra, com nove rondas em suspenso mas com o pico do Covid-19 apontado para o meio de junho, o que, de acordo com o jornal "The Times", levou Greg Clarke, presidente da federação local, a admitir em recentes reuniões que não seria possível terminar a Premier League, interrompida com o Liverpool a um passo do título. Em Itália, o país mais castigado pelo vírus, há revolta pelo facto de alguns clubes estarem a obrigar os jogadores a treinar, ao mesmo tempo que, segundo o diário "La Repubblica," a maioria dos médicos da Serie A acredita que o recomeço da prova terá de passar, no mínimo, de 3 de abril para 3 de maio.
Euro pode passar para dzembro
A UEFA dificilmente poderia ter escolhido pior ano para distribuir o Europeu por 12 cidades. O adiamento da prova, agendada de 12 de junho a 12 de julho, é um cenário cada vez mais plausível, não só por questões de saúde, mas também para permitir que os campeonatos sejam concluídos. Nesse sentido, o diário britânico "The Telegraph" avança que o organismo está a ponderar o adiamento do Euro para dezembro deste ano, num cenário semelhante ao do Mundial"2022. A reunião decisiva vai decorrer depois de amanhã.