Dos quatro mil "projetos de jogador", 1347 estão federados e alimentam a formação portista. Ao todo, 57 por cento dos jogadores das equipas sub-11 e sub-12 do clube nasceram na Dragon Force, que custa uma mensalidade de 35 euros
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Só daqui por sete ou oito anos é que o FC Porto espera ver no plantel principal o fruto do investimento feito na Dragon Force desde setembro de 2008. Nem André Silva, Rúben Neves, ou Rui Pedro, só para citar os jovens mais conhecidos integrados na equipa principal, passaram pelas escolinhas do clube. Mas o objetivo é esse e são quatro mil as crianças espalhadas por 19 escolas - incluindo as da Colômbia, Canadá e Espanha - que sonham, um dia, encarnar o jogador com "comportamento à Porto" que vem numa das dez cláusulas do contrato/compromisso celebrado com a Dragon Force e escrito na caderneta do aluno. "O que se pretendeu com a Dragon Force foi criar uma ferramenta que aumentasse a base de recrutamento da formação", explicou Ricardo Ramos, gestor do projeto. Jogar à bola, sim, mas tendo sempre em conta a formação integral do aluno, promovendo-se a mediação educativa entre pais, treinadores, alunos e diretores de turma, em todo este processo.
Dos quatro mil "projetos de jogador", 1347 estão federados e alimentam a formação. Ao todo, 57 por cento dos jogadores das equipas sub-11 e sub-12 do clube nasceram mesmo na Dragon Force, pelo que é nesta fatia que residem as maiores esperanças dos responsáveis das escolinhas de um dia ver nascer um craque. Desde 2008, mais de uma centena de crianças transitaram da Dragon Force para a formação do FC Porto e 53 por lá se mantêm, pelo que ainda se trabalha para fazer a primeira "colheita".
A reportagem de O JOGO esteve no Vitalis Park, o principal espaço do projeto. Enquanto conversava com Ricardo Ramos, lá fora, no sintético, equipas de cinco disputavam jogos com bola sob o olhar atento dos treinadores. "Temos 205 espalhados pelas nossas escolas", esclareceu o coordenador máximo. Alguns estão ainda em formação para que a Dragon Force possa alargar as suas fronteiras, sempre com o fio condutor definido pela coordenação técnica do projeto. Mas, afinal, quanto custa ter uma criança nas escolinhas do FC Porto? "A mensalidade é mais baixa para os quatro a cinco anos. Mas ronda uma média de 35 euros mensais e uma inscrição de 50 euros", explica Ricardo Ramos. Os alunos recebem um kit de treino com camisola, calções e meias. Para os que já entram em competição, o pagamento é de 120 euros e, para além do material de treino, recebem um fato de treino e o equipamento. As listas de espera existem e a gestão do projeto propõe a colocação de crianças nas escolinhas dos arredores. Ainda assim, o Vitalis Park e o colégio de Ermesinde são os mais procurados.
A gestão feita das diversas escolas ajuda a fazer a diferença em relação, por exemplo às do Benfica e do Sporting. "Eles apostam na abertura de escolas através do franchising. Nós estudamos a forma como eles trabalhavam antes e inovamos com a Dragon Force. Somos a única escola com o certificado da APCER de gestão de qualidade, por nunca termos abdicado do nosso "know how" nas diversas escolas que fomos abrindo por não prescindirmos da gestão", explicou Ricardo Ramos.