O experiente guardião de 35 anos tenta manter os atributos necessários para posição tão específica: os reflexos, a força e a elasticidade. Não é fácil. Tem "medo de sair" e tempo não lhe falta.
Corpo do artigo
É em casa, sozinho, longe da relva e das conversas e brincadeiras com os companheiros de plantel, que Coelho vai mantendo a forma para voltar à baliza da Oliveirense... quando o Covid-19 deixar. Às vezes, não o esconde, sente-se como uma "fera enjaulada" por estar fechado em casa, mas a realidade, agora, é outra e nota-se na vontade de conversar.
"Tenho medo de sair à rua, o mal não toca só à porta dos outros e há muita gente que ainda não está consciente da realidade", assume a O JOGO o guarda-redes, com 35 anos e incontáveis defesas ao serviço da Oliveirense, mas também do Paços de Ferreira, onde se formou, e do Penafiel.
Ao serviço da Oliveirense, onde chegou na temporada 2017/18, Coelho realizou um total de 84 partidas
Se, para um jogador de campo, não é fácil tentar manter-se em forma entre quatro paredes, para os guarda-redes "é muito mais complicado" e obriga a grande improviso e imaginação; tempo não falta. "Temos um plano de treinos para ir fazendo, sem um horário específico, e falamos todos os dias com a equipa técnica. Se calhar, até nos exercitamos mais do que se não houvesse estas restrições, porque não temos nada para fazer. Isto também nos ajuda a passar o tempo", descreve Coelho, avançando para os exercícios... possíveis: os reflexos vão sendo trabalhados "com umas luzinhas apontadas para a parede, tocando-as, e com bolas de ténis atiradas com efeitos diferentes"; a força tenta mantê-la com a ajuda de "elásticos colocados nas pernas e presos em algumas partes da casa, e com agachamentos"; e, para a elasticidade, tem "tapetes de ginásio para treinar a queda de um lado e do outro", ao que junta "muitos alongamentos".
Com a ligação à Oliveirense renovada de fresco, por uma época, mesmo assim Coelho não esconde que o futuro o assusta. "Temos contratos, mas não estamos a trabalhar e não sei o que aí virá. Não sei se o Estado vai ajudar, mas é preciso dar condições às empresas que nesta fase têm os trabalhadores em casa", desabafa, temendo que o campeonato "não recomece tão cedo" e dizendo-se aberto a jogar até junho, "a melhor solução se não houver mais nada a fazer".
NÃO SAIA DE CASA, LEIA O JOGO NO E-PAPER. CUIDE DE SI, CUIDE DE TODOS