Central do Sporting partilhou comunicado da Associação de Futebolistas do Uruguai.
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A Associação de Futebolistas do Uruguai emitiu um comunicado reagindo à suspensão de três jogos aplicada pela Federação Inglesa (FA) a Cavani, por alegado ato racista. No documento, partilhado, por exemplo, por Coates, é demonstrada a estupefação com a decisão.
"Edinson Cavani nunca cometeu um único ato que possa ser interpretado como racismo. Ele simplesmente utilizou uma expressão comum da nossa língua para se referir carinhosamente a um ente querido, um estimado amigo", pode ler-se.
"Querer que a única forma de interpretação válida na vida seja a que está na cabeça dos dirigentes da Federação Inglesa de futebol supõe em si um verdadeiro ato discriminatório, totalmente reprovável, vai contra a cultura uruguaia", acrescenta.
Além dos três jogos afastado dos relvados, o companheiro de Bruno Fernandes nos red devils foi multado em pouco mais de 111.000 euros e vai marcar presença numa ação de formação educacional, por ter violado as regras da FA, uma vez que o comentário do internacional uruguaio foi considerado "insultuoso, abusivo, impróprio e uma violação agravada, por incluir referências expressas ou implícitas à cor e/ou raça e/ou origem étnica."
A mensagem "gracias, negrito" foi publicada pelo ponta de lança na rede social Instagram, após o triunfo (3-2) do Manchester United em Southampton, em outubro passado, num encontro da Liga inglesa em que anotou dois dos três golos.
Leia o documento na íntegra:
"O abaixo-assinado dos membros da Associação de Futebolistas do Uruguai (AFU), integrado tanto pelo setor profissional como amador, masculino e feminino, incluindo as suas diferentes modalidades, ante a sanção imposta pela Federação Inglesa de Futebol a nosso companheiro Edinson Cavani, queremos manifestar o seguinte:
Em primeiro lugar, queremos denunciar a arbitrariedade da Federação Inglesa de Futebol. Longe de realizar uma defesa contra o racismo, o que a Federação Inglesa cometeu foi um ato discriminatório contra a cultura e forma de vida dos uruguaios. A sanção revela uma visão enviesada, dogmática e etnocentrista que não admite mais a leitura que se quer impor desde a sua especial e excludente interpretação subjetiva, por mais equivocada que seja.
Edinson Cavani nunca cometeu um único ato que possa ser interpretado como racismo. Ele simplesmente utilizou uma expressão comum da nossa língua para se referir carinhosamente a um ente querido, um estimado amigo. Querer que a única forma de interpretação válida na vida seja a que está na cabeça dos dirigentes da Federação Inglesa de futebol supõe em si um verdadeiro ato discriminatório, totalmente reprovável, vai contra a cultura uruguaia.
Queremos, então, defender publicamente a figura impecável de Edinson Cavani, e, claro, a cultura do nosso país. Todos somos contra qualquer forma de discriminação. Porém, lamentavelmente, a Federação Inglesa de Futebol expressa através de sua sanção uma total ignorância e desapreço por uma visão multicultural do mundo, respeitosa com a pluralidade, equivocando-se desde a aplicação unilateral e rígida de suas regras antirracistas, cujo fundamento apoiamos, mas que a todas as luzes não são aplicadas de forma racional para o caso em questão. Não se condenou uma pessoa, mas sim a nossa cultura, nossa maneira de viver. Isso sim é discriminatório e racista.
Por último, nós pedimos que a Federação Inglesa de Futebol que revise com urgência seus processos de tomada de decisão em relação a essas questões, para não cometer nunca mais uma injustiça semelhante. Sua normativa deveria levar em conta a várias forma de viver e culturas das pessoas. A primeira regra para lutar contra o racismo é o respeito, pelos diferentes estilos de vida e e pelas diferentes culturas.
Pelo exposto, pedidos a FA que proceda de forma imediata para anular a sanção imposta a Edinson Cavani e restaure diante do mundo o seu bom nome e a sua honra, injustamente maculados por essa reprovável decisão."