Em cima da mesa está o adiamento de uma partida sempre que uma das equipas não tenha um número mínimo de 13 jogadores disponíveis, incluindo um guarda-redes.
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Para que não se repitam outros jogos à imagem do insólito Belenenses-Benfica, disputado a 17 de novembro, a Liga repensou o regulamento e propõe o adiamento de uma partida sempre que uma das equipas não tenha um número mínimo de 13 jogadores disponíveis, incluindo um guarda-redes apto. Esse critério é aplicado na Liga dos Campeões e reuniu consenso entre Sporting, FC Porto, Benfica, Braga, Vitória de Guimarães, Vizela, Arouca, Penafiel, Ac. Viseu e Covilhã, os clubes que compõem o Grupo de Trabalho Regulamentar que preparou a alteração e que será votada esta erça-feira em Assembleia Geral extraordinária da Liga. Em caso de aprovação, a nova condicionante será publicada já na quarta-feira, a tempo de entrar em vigor na próxima jornada.
Paulo Mariz Rozeira, o diretor jurídico da Liga, estima que a proposta será aprovada pelos clubes e dá conta de critérios bem claros para o adiamento de um jogo a partir da regra geral de que nenhum se pode realizar se uma das equipas não apresentar "um mínimo de 13 jogadores, dos quais um terá de ser um guarda-redes". "Tem de haver uma ordem de confinamento emanada pela Direção Geral de Saúde ou testes positivos a confirmar a indisponibilidade dos jogadores. No caso da existência de outras doenças, tem de ser apresentado um certificado de um médico do SNS a dar conta de uma doença contagiosa generalizada no plantel. Por outro lado, também será válido o relatório do médico do clube se um dos 13 jogadores disponíveis tiver uma lesão. Para que essa situação não suscite dúvidas, o atestado desse médico terá de ser confirmado, num prazo de 24 horas, por um médico do Serviço Nacional de Saúde", pormenorizou a O JOGO o jurista da Liga, precisando que a existência de um jogador castigado entre os 13 disponíveis também inviabilizará a realização de um jogo.
Definidas todas as condicionantes, Paulo Mariz Rozeira acredita que a alteração regulamentar (prestes a ser votada) "diminuirá significativamente as polémicas". "Somos sempre muito criativos, mas temos essa convicção. De resto, para permitir que as decisões [de adiamento] possam ir até ao limite da hora de jogo, será sempre o presidente da Liga a decidir, embora qualquer diretor executivo da Liga possa acompanhar o presidente numa decisão", explicou Paulo Mariz Rozeira, garantindo de que a futura regra geral dos 13 jogadores para impor o adiamento de um jogo não suscitou dúvidas durante a fase de redação. "O modelo que propomos é o da Liga dos Campeões. Nenhum jurista de algum clube nos disse que isto não será bom para o futebol português e que não merece ser aprovado", vincou.
Benfica contra proposta do Belenenses para repetição do jogo
O Belenenses pretende que a norma seja aprovada com retroatividade, ou seja, levando a que seja repetido o jogo com o Benfica, que os azuis iniciaram com nove devido a um surto de covid-19. O clube da Luz, segundo apurou O JOGO, não acredita que esta situação seja aceite pela Liga, manifestando-se contra a forma como o Belenenses pretende impor a forma, ou seja, com efeitos retroativos.
Dispostos a acatar as decisões tomadas pelas autoridades competentes caso a repetição seja uma realidade, os encarnados, de acordo com informações recolhidas pelo nosso jornal, consideram, porém, que tal situação poderia colocar em causa a legalidade do campeonato, tendo mesmo pareceres disponíveis que classificam essa retroatividade como uma inconstitucionalidade.