Eduardo Sousa é o preparador-físico pessoal de Chissumba, aposta do Braga para 2024/25, um concorrente que se anuncia a Borja e Marín do lado esquerdo.
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Francisco Chissumba cresceu com várias chamadas a fichas de jogo da primeira equipa, aconteceu com Artur Jorte, também com Rui Duarte, fez parte dos eleitos nos compromissos da final-four da Taça da Liga, conseguindo juntar essa compreensão da exigência de elite à sua própria afirmação feita numa temporada ao serviço dos sub-19, na Youth League, sub-23 e, acima de tudo, na equipa B, onde se impôs de forma muito autoritária e adulta no lado esquerdo da defesa, fazendo 24 jogos e assinando três golos. Com um crescimento vincado a partir dos sub-16, sendo guerreiro desde os 10 anos, Chissumba é o tipo de jogador que persegue o sucesso pela máxima do trabalho, conseguindo impressionar pelo cérebro maduro que antecipa o que é um atleta de futuro. Apesar de ter terminado a época com a frustração de não ter conseguido a subida, que fugiu entre os dedos aos bês minhotos na última jornada, Chissumba meteu logo o seu chip devoto da causa, de ser um profissional de gabarito e respeitado. Ao lado de Eduardo Sousa, preparador-físico pessoal, batalhou logo por índices de recuperação e comportamentos potenciadores de um mais firme regresso à ação, sabendo ele que vai fazer a pré-época do Braga a partir de 21 de junho.
"Depois de um período competitivo em que o desgaste emocional é grande, encerrado, ainda por cima, com a perda da subida direta à 2.ª Liga, é necessário um período de descanso quer do ponto de vista físico, quer do ponto de vista mental. No entanto, no caso dele, o trabalho foi pensado com o propósito de fazer o atleta crescer face às adversidades sofridas e se adaptar em função das férias pretendidas", sustenta Eduardo Sousa, avaliando o espírito de Chissumba, gabado por cada colega pela sua superação física constante.
"É muito focado naquilo que tem que fazer para evoluir e consciente do caminho a seguir para atingir os grandes palcos. É um atleta muito disciplinado e comprometido com o processo. Foi fácil explicar-lhe que logo após o último jogo do campeonato, dois dias depois, teríamos de estar a treinar para que pudesse ir de férias no período que escolhera. Durante as férias aconselho sempre a desligar completamente do futebol e atividades relacionadas", defende o preparador-físico, que cuidou de Chissumba uma semana após o jogo que fechou a época na equipa B e que o irá voltar a espremer a partir de dia 12. "Nunca descurando a parte nutricional que acaba por ter um papel fundamental na off season, terminando as férias, voltaremos a trabalhar para colmatar necessidades específicas sentidas por ele ao longo da época. É uma janela de oportunidade para trabalharmos certas coisas do ponto de vista físico, que nem sempre são possíveis durante a época. É uma altura adequada para reduzir desequilíbrios que possam existir em termos musculares e promover um aumento da força e da potência", aclara Eduardo Sousa, abrindo o leque da intervenção no atleta. "É feito um trabalho a nível de campo, enquadrado com a posição do Chissumba, que remete à parte física e algumas métricas que sejam funcionem como referência que tenho dos jogos dele. Mas remete para o lado técnico-tático quanto à ocupação dos espaços, comportamentos ofensivos e defensivos e tomadas de decisão. São tudo pormenores, mas a nível de alto rendimento, um por cento faz toda a diferença. Ele sabe dessa importância e se puder melhorar um por cento por dia, fará com que isso aconteça", elogia.
Eduardo Sousa sugere que estamos perante um atleta distinto, na tendência de superação, até dentro de todos os que chegam ao seu espaço de trabalho.
"No aspeto mental sabe como reagir a situações desfavoráveis, mas sabe, sobretudo, o que tem de fazer, reconhece a importância das coisas acontecerem de forma planeada, sem relaxamento, entendendo que o futebol é o momento. E para se estar sempre num bom momento é necessário um trabalho muito consistente", ilustra, recolhendo bons exemplos do que foi Chissumba em 2023/24. "Perante algumas situações mais concretas, soube dar a melhor resposta. Estava no último ano de júnior e, por isso, não começou como titular na equipa B. Mas fez tudo por agarrar o seu espaço e conseguiu, aumentando o nível exibicional de jogo para jogo. Dois jogos após a estreia, já era titular. E devo acrescentar que, a nível internacional, foi o jogador mais consistente e regular do Braga na Youth League, fazendo jogos de altíssimo nível, inclusive contra o Real Madrid. Um autêntico relógio suíço na consistência!", brinda, analisando o apetite que pôde desfrutar de uma estreia pela primeira equipa, adiada para esta época. "Esteve na final-four da Taça da Liga, não se estreou mas no dia seguinte à final, jogou na Liga 3 frente ao Vianense num jogo em que o Braga, vencendo, garantia o seu lugar na fase da subida. Ele faz um jogo brilhante e carimba com um golo essa exibição", recorda Eduardo Sousa, assegurando que este nunca desanimou pela falta da estreia, indo ao banco da equipa A várias vezes.
"Nunca se deixou afetar, reagia na Liga 3 com exibições de luxo, muita consistência e golos importantes, como um Felgueiras, fora de casa, que quase permitia a subida direta", relata o preparador-físico, empurrando Chissumba para uma carreira bem airosa. "Acredito que é um dos ativos mais valiosos do Braga, que tem potencial, qualidade e, acima de tudo, capacidade mental para se afirmar na equipa principal. Pela capacidade de trabalho e a forma de viver e estar no futebol, imagino um atleta que, certamente, dará muito que falar a nível internacional nos próximos anos."