Golo e bons pormenores no apoio ao ponta de lança fazem, para os seus antigos técnicos, do novo camisola 19 um candidato a suceder a João Félix.
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Contratado ao Moreirense, apenas uma época após ter deixado a Luz de forma definitiva, Chiquinho esteve em evidência no particular com o Anderlecht, com bons pormenores e um golo.
Apesar de ter terminado à direita, foi sobretudo aposta de Bruno Lage para o apoio ao ponta de lança. E é na posição em que se destacou João Félix - para a qual o campeão nacional procura ainda reforço - que Manuel Monteiro e Ricardo Soares, que o orientaram nos juniores do Leixões e na Académica, respetivamente, o veem afirmar-se na Luz.
"Neste esquema do Benfica vejo-o como segundo avançado, ainda que possa render também como falso ala ou a 8", vaticina a O JOGO Manuel Monteiro, enquanto Ricardo Soares sublinha que, "sendo um jogador completo, pode render, porém, mais como segundo avançado no Benfica, mesmo sendo o clube um colosso".
"Se o deixarem jogar vai ser solução no Benfica e vai agarrar o lugar", atira o primeiro, reforçando: "Com ele, o Benfica pode ter uma solução muito boa para a saída de João Félix. É menos móvel e não é tão bom no jogo aéreo, mas dá outra capacidade de transporte de jogo. E finaliza bem. Suceder a Félix não lhe vai pesar nada, ele quer é jogar e ter a bola, nunca se esconde. E já ganhou pontos com os adeptos." Ainda assim, admite que Chiquinho "pode melhorar a intensidade, algo que vai evoluir a jogar duas vezes por semana, e também a nível tático, adaptando-se ao sistema do Benfica".
Já Ricardo Soares vê capacidade mental no novo camisola 19 da Luz para corresponder. "Os olhos vão estar focados no substituto de João Félix e até de Jonas e será difícil carregar com esse peso, mas ele está preparadíssimo para isso", diz, considerando que "o Benfica tomou a melhor decisão" ao deixá-lo sair na última época. "Jogava num contexto diferente, na II Liga, e passou para outro patamar. Respondeu afirmativamente e agora será capaz de lutar pela titularidade", vaticina.
Finalização em treino específico
O golo obtido diante do Anderlecht não surpreendeu Ricardo Soares. Tendo orientado Chiquinho durante 20 partidas na Briosa, em 2017/18, conta a O JOGO que teve preocupação especial em afinar a capacidade de finalização do atleta. Algo com sucesso, pois nas duas últimas épocas Chiquinho marcou 19 golos, seis deles com Soares, em 2017/18. "Vi que tinha enorme talento, mas disse-lhe que tinha de marcar mais golos. Por isso, fizemos trabalho específico durante seis semanas para se tornar mais eficaz. Duas a três vezes por semana, ficava no final do treino a rematar, em diferentes espaços e situações. No final desse período, disse-lhe que estava preparado, mas ele queria continuar e fazer ainda mais", revela, acrescentando: "Disse-lhe que tinha dar o máximo em cada treino e em cada lance. Fê-lo de tal forma que passado algum tempo, à sexta-feira e ao sábado, passava por ele e dizia-lhe para abrandar. Mas ele dizia-me: "Não se preocupe, míster, no domingo estou pronto"."
Até a nível mental, Chiquinho trabalhou: "Não podia abanar a cabeça quando falhava um golo ou um passe. Tinha de manter a confiança e de suportar as críticas. Algo que aprendeu a fazer", atira.
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