O novo técnico das águias apostou no talento formado no Seixal, deixando longe os registos de Jorge Jesus.
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À chegada ao Benfica, Roger Schmidt assumiu-se "interessado nos jovens jogadores" do clube, elogiando o trabalho das águias na formação e pode dizer-se que o técnico cumpriu a palavra. Isto porque a utilização de jogadores formados no Benfica Campus disparou em relação à primeira metade das duas épocas anteriores, com Jorge Jesus ao comando.
O agora técnico do Fenerbahçe recorreu aos talentos da casa em 8,6% de tempo de jogo possível até ao final do ano na época do regresso, 2020/21, e apenas em 6,7% na transata - saiu após o desaire com o FC Porto a 23 de dezembro. Com Roger Schmidt, a formação disparou, contabilizando 22,6% dos minutos possíveis - 6555 em 29 040.
O novo treinador encarnado, contratado no início da época, deu espaço até agora a oito futebolistas trabalhados no Seixal - Florentino, António Silva, Gonçalo Ramos, Diogo Gonçalves, Henrique Araújo, Paulo Bernardo,Diego Moreira e João Neves.
E se o extremo que conquistou a Youth League na última época somou apenas um minuto, há três que batem todos os registos relativos a 2020 e a 2021/22.
Florentino é o futebolista saído do Seixal que reina nas contas de Schmidt totalizando, na época após o regresso do empréstimo ao Getafe, 2212 minutos. Algo que desde 2015/16, quando o Benfica contratou Rui Vitória para forçar a aposta na formação, só Rúben Dias, em 2018/19, superou (2295").
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O registo de Florentino é de tal forma significativo que o médio, sozinho, vale mais do que a formação representou quer em 2021/22 - Gonçalo Ramos, Diogo Gonçalves, Paulo Bernardo, Ferro, Gedson e Tomás Araújo disputaram 2024 minutos de 30030 possíveis - quer em 2020/21: no ano do regresso à Luz, Jorge Jesus utilizou Nuno Tavares, Diogo Gonçalves, Rúben Dias - saiu no verão para o Manchester City -, João Ferreira, Gonçalo Ramos, Ferro e Tiago Araújo.
Estes sete elementos realizaram um total de 1781 minutos em 20790 das águias. Até António Silva, que começou esta época atrás de Morato mas beneficiou da lesão deste para se afirmar como indiscutível, realizou mais minutos em 2022/23: 1977".
À procura da conquista do campeonato, o técnico germânico tem procurado colocar o seu cunho na aposta na formação - veja-se o caso de António Silva, que "empurrou" Vertonghen para fora da Luz e até Tomás Araújo, central que tinha prevista a integração no plantel nesta época, foi cedido ao Gil Vicente, e agora de João Neves.
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Tudo como forma de tornar real e sólida a "filosofia clara do Benfica" e ajudando também à identificação entre a equipa e os fãs.
"Os adeptos do Benfica gostam de ver estes jovens da formação a jogar na equipa principal. Não podemos jogar apenas com jogadores da formação se quisermos jogar a Liga dos Campeões. Isso seria difícil. Mas ter alguns na equipa é muito bom", disse recentemente.
Apesar da subida considerável na aposta da formação, Roger Schmidt é ainda assim batido por Bruno Lage em 2019/20 e por Rui Vitória em 2016/17.
O ex-treinador do Wolverhampton colocou os jovens oriundos do Seixal em campo durante 7897 minutos, ou seja em 29,5 por cento do tempo possível nos 27 jogos disputados.
Já o sucessor da primeira passagem de Jorge Jesus deu espaço a seis atletas da casa, que disputaram 6217 minutos. Menos em termos absolutos do que em 2022/23, mas mais em termos relativos, já que nessa época houve um máximo de apenas 24750 minutos realizados pelo Benfica. Ou seja, os jovens formados no Seixal cumpriram 25,1% do tempo possível.