Expulsão dos dois guarda-redes do Portimonense obrigou o central a saltar para a baliza frente ao Benfica B
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Um brilharete impressionante: Jarleysom fez-se figura do triunfo do Portimonense no Seixal, contribuindo para uma façanha heroica dos algarvios perante o Benfica B. Resistiram com nove jogadores e arrancaram três pontos no contexto mais adverso e improvável de valer sorrisos. Com as expulsões dos seus dois guarda-redes nos minutos finais da primeira parte, primeiro Sebastien Cibois, aos 43’, depois Douglas, recém-entrado, aos 45’, restou a Tiago Fernandes consultar no campo qual o homem que teria arcaboiço para jogar toda a segunda parte como guarda-redes sem ter esse perfil traçado. A escolha recaiu no central de 21 anos, oriundo dos sub-20 do Palmeiras, que só fizera até aqui um jogo pelo Portimonense, embora já tenha jogado em Portugal na formação do Beira-Mar e nos sub-23 do Torreense, que foi onde conheceu o técnico que agora trabalha em Portimão.
Jarleysom foi posto à prova numa equipa que sofria com nove unidades. Colecionou defesas difíceis, com saltos, estiradas e mergulhos no solo, travando o fogo encarnado sucessivamente. Sofreu um golo, mas lançou com um pontapé longo o contra-ataque que decidiu a partida. “É uma sensação inexplicável tudo o que aconteceu. Vai ficar marcado na história; foi uma decisão minha tomada com a equipa. Senti que podia ajudar desta forma e, felizmente, deu tudo certo”, confessa o jovem brasileiro, que, além de ser fã de “Thiago Silva, Éder Militão e Van Dijk”, nunca se deixou de inspirar nos comportamentos dos guarda-redes. Herói no final do jogo, ganhou os abraços dos colegas e dançou no balneário, saboreando a transcendente jornada. “Recebi as melhores mensagens possíveis, mas é o grupo que está de parabéns pela resistência. Houve união de todos e só assim foi possível sairmos com a vitória”, apressa-se a distribuir méritos, revisitando a tarde irresistível que viveu, destacando a jogada em que impediu o golo, numa cabeçada de Francisco Silva, e logo tapou recarga de José Melro. “Escolho a defesa ao lance de cabeça, porque tive de reagir rápido na recarga. Como sou um jogador de linha, acho que tenho a perceção onde a bola vai cair. Isso ajudou muito, consegui acertar na maioria das vezes para onde iam chutar e executei as defesas”, assim resume a inspiração.
Comandado pelos sonhos, Jarleysom vai tentando singrar em Portugal com objetivos altos. “Sou um jogador muito ambicioso, quero sempre vencer e, independentemente das circunstâncias, dou o máximo e isso define-me. Tenho o sonho de jogar numa grande equipa da Europa, jogar na seleção brasileira, podendo, com a minha carreira, proporcionar grandes condições à minha família”, projeta.
Já um penálti defendido
Formado no Aster, clube de Vitória, capital do estado de Espírito Santo, Jarleysom não assumiu a baliza do Portimonense por acaso ou intuição momentânea. “Quando tinha 15 anos, jogando pelo Aster, tive uma experiência como guarda-redes, porque o nosso lesionou-se num braço. Assumi o posto, o jogo deu empate, mas foi a penáltis. Aí defendi um, embora não tenha tido o mesmo sabor, porque acabámos por perder”, relatou o central, enaltecido pelos colegas no balneário, até pelos que lutam pela baliza tradicionalmente. “Brincaram, dizendo que sou ótimo central, mas um guarda-redes sensacional!”