Polícia Municipal foi chamada ao local onde se efetua apenas a desmatação da zona de terrenos privados. Clube “empenhado no cumprimento de todas as medidas de proteção do património”
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O Património Cultural (PC), instituto público dedicado ao património cultural material e imaterial, solicitou a suspensão das manobras de desmatação que estavam a ser realizadas nos terrenos privados onde o FC Porto pretende construir a sua Academia, tendo como base um parecer desfavorável da Comissão de Coordenação Regional do Norte (CCDRN).“Encarrega-me a srª vice-presidente do Conselho Diretivo deste Instituto, Drª. Maria Catarina Coelho, de solicitar a suspensão imediata dos trabalhos em curso relativo à intervenção em assunto”, pode ler-se no documento a que O JOGO teve acesso.
O FC Porto reagiu horas depois através de um comunicado em que garante estar empenhado “no cumprimento de todas as medidas de proteção do património arqueológico” de forma a que “cumpra todos os requisitos de todas as entidades externas necessárias para a sua aprovação”. “ A desmatação é uma condição essencial para, no âmbito do Pedido de Autorização para Trabalhos Arqueológicos (PATA), se avançar para os trabalhos arqueológicos e se cumprir todas as recomendações da Câmara Municipal da Maia e da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte”, acrescentam os dragões.
A indicação do PC resulta do referido parecer negativo da CCDRN. “A avaliação do projeto depende dos resultados das medidas de prospeção descritas na conclusão da informação”, escreveu David Ferreira, diretor da Unidade de Cultura da CCDRN. No documento pode ler-se, ainda, que a CCDRN parte do pressuposto que o programa de ação e estimativa de custos prevê “a realização de trabalhos arqueológicos e de valorização patrimonial com a escavação parcial e consolidação estrutural da Mamoa 5 do Leandro”, assim como “a escavação parcial e remoção das estruturas construídas” das Mamoas 2 e 4 do Leandro.
No caso da Mamoa 2 (ver fotografia), o documento diz que é “ provável que seja afetado por eventuais estruturas de delimitação do parque”, referindo no que diz respeito à Mamoa 4, por se encontrar “na área ocupada por um dos futuros campos de jogos”, a construção deste “implica, seguramente, a destruição integral do monumento”. Em resumo, o parecer diz que “não é possível validar o desenho de um projeto concebido antes de serem conhecidos os resultados da implementação prévia e atempada desses métodos de deteção” de eventuais novos vestígios arqueológicos.
A Polícia Municipal da Maia deslocou-se ao local com o intuito de fiscalizar as obras em curso, mas na primeira tentativa, a 28 de março, não terão encontrado ninguém. A 2 de abril voltou a tentar e já contactou com um funcionário da empresa ABB, que informou as autoridades de que realizavam apenas a “desmatação do terreno, triturando a vegetação, ficando a mesma espalhada no terreno” e que não tinham “autorização para o início” das obras.
Na próxima semana deverão estar no local arqueólogos para assegurar que as determinações da CCDRN são cumpridas.