A árbitra Catarina Campos tornou-se este sábado a primeira mulher a dirigir um jogo da I Liga, ao dar início à receção do Casa Pia ao Rio Ave, em Rio Maior, na abertura da 27.ª jornada
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Pelas 15:30, no Estádio Municipal de Rio Maior, onde os gansos alinham na condição de anfitriões, a árbitra da associação de Lisboa fez história no escalão principal masculino, recebendo aplausos da plateia e uma homenagem dos dois clubes e da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, antes do apito inicial.
Catarina Campos, de 39 anos, já tinha sido a primeira a chefiar uma equipa de arbitragem totalmente feminina nas provas profissionais portuguesas, ao dirigir a derrota do Paços de Ferreira na receção ao Feirense (1-2), em 15 de fevereiro, para a 22.ª jornada da II Liga.
À semelhança desse jogo, a juíza está acompanhada pelas assistentes Andreia Sousa e Vanessa Gomes, tendo Fábio Veríssimo como quarto árbitro, enquanto as funções de videoárbitro (VAR) são desempenhadas por André Narciso, coadjuvado por Nuno Pires.
Internacional desde 2018, Catarina Campos faz parte da categoria de elite da UEFA há cerca de um ano e meio e já teve outras experiências recentes no futebol masculino, ao dirigir jogos no Campeonato de Portugal, quarto escalão nacional, e na Liga Revelação, ambos sob a tutela da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), bem como partidas internacionais de caráter oficial, incluindo uma esta temporada na UEFA Youth League.
Adeptos aplaudem primeira mulher a arbitrar na I Liga e pedem mais
Vários adeptos enaltecem a estreia de Catarina Campos, que fará hoje história ao ser a primeira mulher a arbitrar um jogo da I Liga de futebol masculina, pedindo que seja a "primeira de muitas".
“É uma vitória para as mulheres que querem chegar a um patamar mais alto e fazer a diferença. É muito importante que as mulheres também tenham o seu espaço”, sublinhou Mariana Sousa em à agência Lusa, momentos antes do apito inicial para o jogo Casa Pia-Rio Ave, relativo à 27.ª jornada do principal escalão.
A jovem, de 16 anos, disse esperar uma “boa arbitragem, independentemente de ser homem ou mulher”, referindo ainda que é necessário “recordar a diferença que existia entre homens e mulheres” para perceber que hoje em dia vai diminuindo: "E ainda bem".
A ‘juíza’ da associação de Lisboa, de 39 anos, liderará uma equipa de arbitragem composta ainda por Andreia Sousa e Vanessa Gomes, e vai viver mais um momento para recordar.
Catarina Campos, que na passada quarta-feira apitou o embate entre Chelsea e Manchester City, na Liga dos Campeões feminina, já tinha sido a primeira mulher de sempre a apitar um jogo das competições do futebol profissional português, no duelo da II Liga entre Paços de Ferreira e Feirense, em fevereiro.
O desejo de que este seja a primeira de muitas arbitragens femininas no principal escalão masculino foi também revelado por João Domingos, natural de Odemira, destacando “uma evolução para a arbitragem portuguesa”.
“Se há qualidade na arbitragem masculina, também há na feminina e acredito que este momento possa permitir mais árbitras a fazerem jogos nacionais, não só nos jogos das equipas ditas mais pequenas, mas também nos ‘dérbis’ eternos”, salientou, aplaudindo o “primeiro de muitos jogos” e apelando para que “os jogadores tenham o mesmo respeito que têm com árbitros masculinos”.
António e João Gil, pai e filho, respetivamente, também se preparavam para assistir ao embate entre o sétimo e o 11.º classificados da I Liga quando evidenciaram um momento histórico.
“É um momento excelente. Tem de haver mais oportunidades para ambos os géneros. Se já há muitos árbitros no futebol feminino, por que não mulheres no futebol masculino?”, questionou o jovem, considerando que “por vezes, é necessário um empurrão”, uma vez que, no futebol, “mulheres e homens não partem em igualdade de oportunidades.
Ao lado, o pai, que vê futebol há décadas, recordou tempos em que “havia muito menos mulheres no futebol”, numa altura em que “era impensável uma mulher ir arbitrar um jogo de homens e nem sequer havia futebol feminino”.
“É muito positivo que este cenário venha a ser alterado”, assinalou, frisando que o “futebol convida ao fair-play” e que deve ser “um fator promotor da paz, para homens e para mulheres”: “Que o desporto seja para todos”.