Carvalhal sobre os assobios dos adeptos e a situação de Matheus: "Chego aqui às 7h00..."
Declarações de Carlos Carvalhal, treinador do Braga, este sábado, na antevisão ao jogo em casa do Santa Clara, para a 15.ª jornada da I Liga
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No final do jogo com o Famalicão (3-3), na segunda-feira, a equipa do Braga foi assobiada pelos adeptos e os jogadores não gostaram no momento em que estavam a agradecer-lhes junto a uma das bancadas. Este sábado, na antevisão ao duelo com o Santa Clara (domingo, 17h00), para a 15.ª jornada da I Liga, Carlos Carvalhal comentou o caso, falando também, especificamente, de Matheus que no treino de quarta-feira, à porta aberta, o Matheus não cumprimentou os adeptos.
"Não há caso Matheus. Hoje em dia, todos os jogadores, todos nós, em função da sociedade, da forma que está, sabemos que o futebol é um meio catártico para as pessoas, para as tensões sociais que existem. Historicamente sempre foi assim e vai continuar assim, enquanto as tensões sociais aumentam, estamos num período de greves, etc. Depois o escape nas equipas de futebol é maior e o descarregar sobre as equipas de futebol é maior e não é só o Braga, já tem acontecido em outras equipas. Mas isto tem a ver com as tensões sociais e o futebol também serve para isto. Todos temos de estar preparados, até o Matheus. Ele tem 11 anos de clube e é um dos melhores guarda-redes da história do Braga. É um excelente guarda-redes, uma pessoa que é o primeiro a chegar aqui. Eu chego aqui às sete da manhã e ele já está no estádio preparado para treinar. Temos de estar preparados para a crítica. A situação pontual que aconteceu, de não unir os adeptos, foi o próprio Matheus que se protegeu um pouco. Ele tem sentimentos, tem filhos que também choram. Naquele momento, por iniciativa dele, resolveu proteger-se no sentido de ouvir uma boca e sim, criar um caso. Foi uma proteção da parte dele. Tenho muito respeito pelos adeptos do Braga, tenho muito respeito por ele e gostámos muito dele. E não temos caso", começou por referir.
"Tenho um passado em futebol, fico chocado com algo que me aconteceu [assobios dos adeptos no final do jogo contra o Famalicão]. Tenho dois ou três adeptos um bocadinho mais alterados e não estou habituado a que isso aconteça. Depois, no primeiro treino, a porta está aberta e estão lá adeptos. O Matheus resguardou-se. Imaginem que há pessoa alterada no meio daquela gente toda, gente de bem, a quem agradeço terem vindo, porque foi absolutamente fantástico e já me leva a abrir mais vezes as portas, e há um indivíduo que eventualmente manda uma boca ao Matheus e ele, por muito preparado que esteja, se altera em função de uma boca que ouviu e cria-se ali realmente algum problema. No próximo jogo, o Matheus vai ter a oportunidade de agradecer aos adeptos juntamente com os colegas. Também já tive a oportunidade de conversar com o Matheus. Vemos um Abel Ferreira que ganhou tudo o que havia para ganhar e vemos adeptos a criticá-lo, o que é uma coisa incrível. O Guardiola exatamente a mesma situação. Estamos a falar de dois treinadores que ganharam tudo, um no continente sul-americano e outro na Europa. Isso significa que todos temos que estar preparados para as críticas. Temos que ter bagagem para aceitá-las. Agora, de resto, é um grande guarda-redes, com uma dedicação ao Braga e vamos normalizar a situação", continuou.
"A equipa vai agradecer sempre aos adeptos, de certeza absoluta, tanto em casa e fora. Nas minhas equipas, pelo menos. vai acontecer sempre. É inquestionável, nem se coloca. O grupo vai ter uma forma de agradecer aos adeptos", finalizou o treinador dos arsenalistas.