Carvalhal: o regresso da terra dos sonhos, Costinha e, claro, os pastéis de nata
Podem ser "frigideiras de Braga ou pastéis de Santa Clara", admitiu o treinador do Rio Ave, que perdeu Nadjack a dois dias da estreia na Taça da Liga e pretende observar Costinha antes de procurar uma alternativa.
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"Estamos prontos", assegurou, esta sexta-feira, Carlos Carvalhal, treinador do Rio Ave, na véspera do arranque oficial da temporada, diante da Oliveirense, em jogo da Taça da Liga. A época marca também o regresso do técnico a Portugal, onde não trabalhava desde que, em 2009/10, orientou o Sporting. Desde então, andou por Turquia, Emirados Árabes Unidos e acabou na terra dos sonhos de qualquer profissional ligado ao futebol: Inglaterra.
Quase uma década depois, voltar a casa implica "algumas adaptações", encaradas com entusiasmo. Aos 53 anos, Carvalhal está disposto a usar a bagagem para ajudar o Rio Ave, mas não só: "Voltar a Portugal é fantástico, o nosso país é fantástico, temos grandes jogadores, grandes treinadores. Entramos num campeonato em que a estratégia tem um peso muito grande nos jogos e nós gostamos, sentimo-nos bem nesse domínio. O que espero é que seja uma época menos atribulada do que as últimas e creio que as condições para isso estão reunidas. Vejo uma grande vontade dos meus colegas treinadores em fazer alguma mudança".
"Pela nossa parte, treinadores portugueses, poderá ser um ano de mudança, a muitos níveis. Esperemos é que as pessoas à volta possam acompanhar essa mudança que nós queremos para um futebol português mais positivo", apelou.
Quanto aos objetivos do Rio Ave, o treinador rejeita um discurso virado para a Europa. "Conheço muito bem o futebol português e sou incapaz de traçar um quadro a médio/longo-prazo. O que posso é traçar um quadro de ambição de uma equipa que seja competitiva em todos os jogos e capaz de competir pelos três pontos com todas as equipas. Agora, os limites para atingir alguma coisa, isso vai depender do nosso comportamento semana a semana, jogo a jogo, de ir vendo até onde conseguimos ir, sabendo que estamos num campeonato em que não podemos, levianamente, falar numa Liga Europa, por exemplo", declarou.
A prudência foi rapidamente explicada: "Sabemos que, infelizmente, pelos pontos que não temos conseguido a nível da UEFA, estamos reduzidos a quatro equipas, o quinto é um lugar falso, o da Taça de Portugal, não entra nestas contas e ficar nos quatro primeiros lugares, num campeonato em que existe uma assimetria tão grande para Benfica, Sporting, FC Porto, inclusive Braga, que tem traçado um quadro de quase 20 pontos para o quinto classificado, é uma tarefa muito difícil para nós, para qualquer outra equipa. O Vitória de Guimarães está, se calhar, mais apetrechado para tentar fazer essa aproximação, e depois há um conjunto de equipas que vai tentar fazer o melhor possível, com o Rio Ave".
"Perante este quadro", concluiu, "o melhor é a gente concentrar-se em objetivos de curto prazo": "Estar na fase de grupos. Iremos abordar da mesma forma a primeira jornada, a segunda, a terceira, e depois logo veremos até onde conseguimos chegar".
A contagem decrescente para o jogo com a Oliveirense, do segundo escalão, ficou marcada pela lesão de Nadjack, ontem operado a um joelho. No imediato, a alternativa para o lado direito da defesa é Costinha, recém-chegado do Europeu de Sub-19, e Carlos Carvalhal prefere esperar, antes de aconselhar a ida ao mercado. "A lesão do Nadjack levou-nos a fazer uma reflexão, nos próximos dias, a fazer uma avaliação dos níveis de integração do Costinha, até que ponto estará apto a responder rapidamente ou precisará de mais algum tempo para responder à alta intensidade de jogos da I Liga, completamente diferente da dos jogos de sub-23. Está ainda em período de observação, está connosco há três ou quatro dias. Temos até final do mês para chegarmos a alguma conclusão".
Para lá deste contratempo, o Rio Ave apresenta um "buraco na defesa" e esse é para preencher no mercado: "Temos três centrais e necessitamos de quatro, essa é, claramente, uma posição que estamos à procura de reforçar".
A primeira conferência de imprensa do treinador que, há uns meses, no Swansea, surpreendeu os jornalistas ingleses com a oferta de pastéis de nata não poderia terminar sem o incontornável desafio: para quando os doces desta temporada? Carvalhal riu: "Espero vir a conseguir uma coisa boa aqui no clube e nesse dia trago qualquer coisa, umas frigideiras de Braga ou uns pastéis de Santa Clara. Tenho todo o gosto em festejar convosco".