Cardoso Varela em destaque na Kicker: a versão de Villas-Boas e as alegadas ameaças a um pai sem nome
Revista alemã publicou um artigo sobre o extremo do FC Porto que esteve perto de ser desviado para a Croácia. Suposto progenitor do jogador terá falado em ameaças de morte, negadas pelos dragões. Mãe do jogador também disse ao FC Porto que não proferiu declarações que lhe são atribuídas
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O caso de Cardoso Varela, jovem do FC Porto (15 anos) cuja tentativa de desvio para o Odranski Obrez mereceu forte oposição do clube e foi rejeitada pela FIFA, motivou um extenso artigo da revista alemão “Kicker”.
Nele, além de declarações de André Villas-Boas constam supostas afirmações do pai do jogador, incluídas numa carta que o clube da terceira divisão croata enviou à federação local, numa tentativa de defender-se no processo, alegando desconhecerem Wilson Sardinha, alegado tutor do jovem. “Lembro-me bem de um dia, no final de dezembro de 2023, em que dois estranhos abordaram-me e disseram ‘se o teu filho não assinar um novo contrato com o FC Porto, vais desaparecer e vamos matar-te”, terá dito o alegado progenitor, cujo nome não é sequer referido na publicação germânica.
Contactada por O JOGO, fonte dos dragões diz que as declarações "são totalmente falsas". A “Kicker” escreve ainda que a mãe do jogador corroborou declarações semelhantes, mas O JOGO apurou que a progenitora confirmou ao FC Porto não ter proferido quaisquer declarações naquele sentido.
Cardoso Varela, extremo que brilhou no Europeu de Sub-17, não vê a mãe há vários anos (reside em Angola) e, quanto ao pai, muito pouco se sabe. Daquilo que foi o acompanhamento do FC Porto ao jogador desde que chegou ao Dragão, em 2022, o progenitor não só nunca esteve minimamente envolvido ou interessado na vida e carreira de Varela, como até o paradeiro era desconhecido. Ainda assim, segundo o artigo da “Kicker” e de novo baseado na carta enviada à federação croata, o pai mudou-se para aquele país (Zagreb) na primavera, o que serviria para passar por uma das regras da FIFA, que impede os menores de mudarem de país, a menos que um dos progenitores se mude para esse local por “motivos não relacionados com o futebol”.
Na revista surge também uma suposta mensagem enviada por Wilson Sardinha a Faustino Gomes, agente FIFA. “Desculpa, não posso aceitar esta oferta porque não me vai ajudar em nada. Se eles nos derem três milhões de euros, podemos assinar sem problemas. Sofri muito nesta vida”, terá escrito Sardinha, o que confirmaria a intenção ou expectativa de receber aquela verba a troco da continuidade do jogador no Dragão – prática ilegal, uma vez que a FIFA proíbe o pagamento de comissões em quaisquer contratos envolvendo menores. Por outro lado, a publicação alemã escreve que não teve resposta às várias perguntas feitas a Sardinha e Gomes.
Recordando alguns contornos do caso, só é possível a assinatura de um contrato profissional a partir dos 16 anos, idade que Cardoso Varela atinge em outubro. A ideia, acreditam os dragões, era a de usar o Odranski Obrez como ponte para uma futura transferência para o futebol alemão. No artigo, aliás, Villas-Boas afirmou que o jogador “foi oferecido a vários clubes europeus de topo”. “Isto foi-me confirmado em telefonemas com diversos diretores de clubes alemães e espanhóis”, disse o presidente do FC Porto, irredutível neste processo. “Mesmo que o Cardoso Varela não queira voltar ao FC Porto, isto é algo que tem de acabar no futebol. Estes processos incentivam pessoas com más intenções a tirar proveitos pessoais com crianças que não têm o seu destino nas suas mãos”, vincou.