Luís Barradas e Heleno Roseira fizeram chegar a O JOGO uma carta aberta aos sócios do FC Porto em que consideram “insuportável a discussão na praça pública” sobre o processo do treinador
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Candidatos a presidente da Mesa da Assembleia Geral e a líder do Conselho Fiscal na lista encabeçada por Nuno Lobo nas eleições do FC Porto, Luís Barradas e Heleno Roseira pedem “decisões rápidas” no dossier relacionado com o treinador da equipa de futebol.
Numa carta aberta aos associados do FC Porto que fizeram chegar à redação de O JOGO, os dois associados sustentam que “após os resultados eleitorais só pode haver um Porto” e esperam que André Villas-Boas e Sérgio Conceição “tomem uma decisão consensual em defesa de um valor máximo e superior a todos”.
Leia na íntegra a carta aberta aos sócios do FC Porto:
RUÍDOS E SILÊNCIOS NUM CLUBE QUE NÃO SE DEFINE
Do recente processo eleitoral emergiu um resultado manifestamente expressivo da vontade de mudança dos sócios do Futebol Clube do Porto.
A legitimidade do atual Presidente André Villas Boas, é por isso, absolutamente incontestável, e inatacável em qualquer segmento.
Independentemente das opiniões individuais de cada um de nós, o clube é dos sócios e, os sócios maioritariamente escolheram o novo rumo a seguir.
Posto isto, constatamos que a transição de poderes entre a Direção e a Administração cessante e a atual Direção do Clube e Administração da SAD, não se tem traduzido num processo tão linear e pacificador., quanto seria desejável.
Após os resultados eleitorais só pode haver um Porto.
Somos contra divisionismos estéreis e silêncios ensurdecedores.
Estamos a cerca de um mês do início da nova época desportiva.
Urge planificá-la, mas neste momento subsiste a interrogação sobre a quem competirá a liderança da equipa técnica.
Parece evidente, ainda que contra a vontade ou, dito de outra forma, o desejo de muitos de nós, que o nosso treinador Sérgio Conceição não terá condições para continuar a orientar o Futebol Clube do Porto.
Assim, fecha-se um ciclo de sete anos em torno de quem tanto deu ao clube e de quem tanto ganhou.
Sérgio Conceição talvez tenha sido o nosso maior símbolo dos últimos tempos e o melhor portador do nosso ADN.
Por isso este terá de ser um ciclo a fechar com o mais elevado sentido de portismo e dignidade de todos os intervenientes, pelo presente e sobretudo pelo passado de todos eles no clube.
Torna-se insuportável para nós a discussão na praça pública sobre o fechar deste processo.
Impõe-se por isso, que o Presidente André Villas Boas e Sérgio Conceição tomem uma decisão consensual em defesa de um valor máximo e superior a todos, o interesse do Futebol Clube do Porto.
Não nos revemos nos” bate-bocas” nos media e redes sociais entre aqueles que estão do lado do Presidente, ou daqueles outros que estão no lado de Sérgio Conceição e finalmente daqueles que estão ao lado do nosso treinador adjunto Vítor Bruno, também ele figura incontornável do universo portista e corresponsável pelos êxitos dos últimos sete anos.
Por isso o que se pede a todos os intervenientes é recato e decisões rápidas em defesa do futuro do nosso clube.
Compreendemos se essa for a decisão de Sérgio Conceição, de no atual contexto não continuar no Futebol Clube do Porto.
E se assim o for como parece evidente ter de o ser, resta-nos dizer obrigado por tanto.
Por outro lado no que concerne ao nosso Presidente André Villas Boas não poderá haver nenhum condicionamento no processo de tomada de decisão.
Se a escolha do Presidente recair em Vitor Bruno será seguramente uma escolha lógica, uma boa escolha num processo de continuidade que se quer ganhador.
Que o ruído da opinião publica não condicione o Presidente é isso que pedimos, e que esse ruído jamais condicione uma opinião formada.
Enquanto sócios responsáveis e atentos ao dia a dia e à vida do clube, pedimos ao nosso atual Presidente que tome uma decisão célere e assertiva a bem do clube.
O Futebol Clube do Porto tem de estar sempre acima de quaisquer interesses ou protagonismos individuais.
Assim, se a escolha recair em Vitor Bruno será bem-vindo, mas sobretudo importa que todos os intervenientes destes últimos acontecimentos reflitam e percebam que fazem parte da história do Futebol Clube do Porto e têm de a respeitar como seguramente o farão.
Importa decidir a bem do nosso clube.
Luís Barradas e Heleno Roseira.